Trump é um pesadelo do qual os EUA têm dificuldade de acordar
A disputa prévia do estado de Iowa marca o início formal de uma sucessão que pode implodir os pilares da democracia americana, já bem trincados. Na eleição marcada para novembro, os Estados Unidos não votarão apenas contra ou a favor deste ou daquele candidato à presidência. Os eleitores americanos votarão para saber quem são.
Donald Trump prevaleceu com folga na largada do processo de escolha do representante do Partido Republicano. "Não vai demorar muito", disse ele no discurso da vitória em Iowa. De fato, Trump pode se tornar um candidato matematicamente irreversível já no mês de março.
A despeito do seu governo ruinoso, do festival de mentiras, do discurso que insuflou a invasão do Congresso em 6 de janeiro de 2021, dos processos criminais que podem levá-lo à cadeia... apesar de tudo isso, Trump frequenta a conjuntura como um candidato competitivo no provável tira-teima contra Joe Biden.
Não é difícil antever o desastre. Retornando à Casa Branca, Trump agiria como portador de um salvo-conduto do eleitor para converter a maior democracia do mundo numa autocracia bananeira. Dobraria todas as apostas contra o Congresso, a Suprema Corte, a imprensa, os imigrantes, as mulheres... Anistiaria os aliados condenados por atentar contra a democracia.
A volta de Trump soaria como uma declaração de guerra dos Estados Unidos contra o velho sonho americano. Seria o fim da ilusão segundo a qual o mundo seria mais feliz quando todos os seus habitantes fossem réplicas dos americanos —bem nutridos e com acesso a todos os bens que uma sociedade próspera pode proporcionar.
Trump tornou-se um pesadelo do qual os Estados Unidos têm dificuldade de acordar.
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