Josias de Souza

Josias de Souza

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Nos bastidores, Bolsonaro exige solidariedade pública de aliados

Num relacionamento convencional, políticos encrencados são gratos aos aliados que, não podendo dizer coisas boas a seu respeito, preferem não dizer nada. O silêncio é visto como um amigo que não trai. Com Bolsonaro é diferente. Cercado de processos judiciais, ele antevê em cada aliado que se cala diante do seu drama criminal o prenúncio de uma traição. Exige nos bastidores a solidariedade pública dos bolsonaristas ilustres.

Por enquanto, a pressão por apoio é terceirizada. Indicado por Bolsonaro para compor a chapa do prefeito paulistano Ricardo Nunes como vice na campanha à reeleição, o PM reformado Ricardo Mello Araújo divulgou nas redes um vídeo que foi direto ao ponto: "Temos eleições municipais chegando, e os grandes líderes da direita não se manifestaram", anotou o coronel bolsonarista, antes de cutucar o governador Tarcísio de Freitas:

"Os governadores têm uma responsabilidade muito grande, muitos foram eleitos nas costas do presidente Bolsonaro", declarou o coronel. "Esses governadores precisam se manifestar..." Por enquanto, apenas Jorginho Mello, governador de Santa Catarina, ergueu a voz por Bolsonaro. Disse num vídeo que a Polícia Federal, sem "mais o que fazer", procura "pelo em ovo" para perseguir Bolsonaro, "um homem decente."

O Carnaval foi usado por bolsonaristas graúdos como pretexto para o sumiço. Bolsonaro não comprou a desculpa. Alega que, na era das redes sociais, não se manifesta quem não quer. A pressão será intensificada nos próximos dias. Submetidos a uma lógica que leva em conta o fator custo-benefício da proximidade com Bolsonaro, os aliados com pretensões futuras começam a se dar conta de que a aliança com o radicalismo tosco ainda rende votos no Brasil, mas não ganha eleições majoritárias.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes