Leonardo Sakamoto

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Reportagem

Greve quer plebiscito em SP contra a privatização de Metrô, CPTM e Sabesp

Uma greve simultânea inédita de funcionários do Metrô, da CPTM e da Sabesp começa à zero hora desta terça (3) contra processos de privatização e terceirização envolvendo essas empresas e pela realização de um plebiscito pelo poder público para consultar a população antes de avançar com sua venda.

A presidente do Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo, Camila Lisboa, afirmou à coluna que foi proposto ao governo paulista que, nas 24 horas da greve, os trens operassem com a catraca liberada. Ou seja, com os funcionários trabalhando, mas sem cobrança de tarifa, para não causar transtornos junto à população, mas a sugestão foi negada.

É uma resposta ao governador Tarcísio de Freitas que, nesta segunda (2), criticou o movimento. "Amanhã, o que estará disponível para o cidadão? As linhas 4, 5, 8 e 9, que estão com a iniciativa privada. E o protesto é contra a privatização! E vamos privar o cidadão do transporte?", disse.

Camila Lisboa defende que o processo de privatização em curso não garante aumento na economia e na eficiência do Estado. Para ela, a população pagará caro com as mudanças.

"O governo Tarcísio de Freitas encomendou estudos de privatização da Sabesp e está encaminhando sua votação na Assembleia Legislativa. Não é possível que ele privatize a empresa sem antes discutir com a população. A venda da Cedae [empresa de saneamento do RJ] significou água suja e mais cara", aponta Lisboa.

Ela também alerta que o resultado do processo de concessão das linhas do Metrô pode reduzir a qualidade, sem que signifique redução dos custos para os cofres públicos. Para ela, a sociedade tem uma "péssima experiência" com a entrega das linhas de trem 8 [Diamante] e 9 [Esmeralda] e da linha 5 [lilás] do Metrô à iniciativa privada.

"O governo também encomendou estudos para a privatização das linhas 1 [azul], 2 [verde], 3 [vermelha] e 15 [prata]. Eles custaram R$ 62 milhões e serão investigados pelo Ministério Público porque foram feitos sem licitação", diz.

A CCR, através da ViaMobilidade, é responsável pela operação, manutenção e conservação dessas linhas. Por conta das reclamações sobre falhas constantes, inclusive de descarrilamento de trens. principalmente nos ramais 8 e 9, a empresa foi alvo de investigação. O MP-SP chegou a recomendar a rescisão do contrato com o governo paulista, que foi contra.

Em fevereiro, ao tratar do assunto, Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou: "O governador do estado sou eu. O executivo está aqui. No dia que você permitir que o Ministério Público governe o estado para você, você está morto". E completou: "Qual seria a solução? Voltar para a CPTM? Voltar para a administração pública? É essa solução que o Ministério Público está propondo?"

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Com esse contexto, a presidente do sindicato defende que o governo não pode avançar na privatização sem discuti-la com a sociedade. Diz também que o subsídio pago pelo poder público para a linha 4 [amarela], administrada também pela iniciativa privada, indica que ela não é um exemplo a ser seguido.

"Além de uma greve trabalhista, porque está em jogo o nosso emprego, ela também diz respeito ao interesse comum da população porque estamos falando de transporte público, água e saneamento básico", diz Camila Lisboa. "O artigo 9º da Constituição Federal diz que os trabalhadores podem fazer greve nos momentos que eles avaliarem correto. Este é o caso", conclui.

Tarcísio, por sua vez, afirmou que todos os processos de privatização vão passar por "consulta pública" no momento certo. E prometeu "descarregar" investimento privado nos próximos anos. "Vamos vendo essa locomotiva crescendo cada vez mais", ao se referir a São Paulo.

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