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Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Em vídeo sobre inflação e preço da carne, Huck veste o figurino de político

Luciano Huck no Domingão com Huck (Reprodução/Globo) - Reprodução / Internet
Luciano Huck no Domingão com Huck (Reprodução/Globo) Imagem: Reprodução / Internet

Colunista do UOL

21/10/2021 16h11

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Luciano Huck renovou contrato com a Globo, assumiu o horário de Faustão aos domingos e sinalizou que adiou o sonho de entrar para a política e, eventualmente, disputar a Presidência. Adiou mesmo? Em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, o apresentador dá vários sinais de que não perdeu o interesse no assunto.

O tema do vídeo de 3 minutos e 30 segundos é o preço alto da carne. Sim. Luciano Huck resolveu se dirigir aos seus quase 20 milhões de seguidores para dar uma aula sobre inflação. De forma didática, ele primeiro refuta a tese de que a alta do preço da carne estaria relacionada ao fato de as pessoas terem ficado em casa durante a pandemia. "Não tem nada a ver com o lockdown. Fiz essa pergunta a vários economistas", diz.

Em seguida, ele observa que uma das respostas ao problema é a alta do dólar e critica a política econômica do ministro Paulo Guedes, sem citá-lo: "Em 2020, o real foi a sexta moeda que mais desvalorizou. Não é à toa que estamos batendo recordes de exportação ao mesmo tempo em que a comida está cada vez mais cara no mercado".

Não tem cara de propaganda eleitoral gratuita? Huck prossegue:

"Luciano, por que você tá falando tudo isso pra mim? Porque você, que é da mesma geração que eu, e a gente precisa falar para as próximas que estão vindo", diz. "A gente sempre ouviu 'política não se discute'. Mas a verdade é que não tem como escapar". E discursa, apresentando os temas de uma eventual plataforma:

"Porque política não é só o que acontece em Brasília. Política é o preço da carne no supermercado. É o garoto da favela ter internet garantida para poder sonhar. É não faltar vacina quando a gente mais precisa dela. É entender que queimar florestas significa não ter chuva, que significa não ter energia elétrica, que significa pagar mais caro a conta de luz."

Exibindo imagens de pessoas comendo sobras de comida, Huck diz: "A gente precisa, sim, começar a discutir sobre como resolver os problemas reais que a gente está enfrentando hoje! E vamos enfrentar no futuro".

E conclui: "E se o problema é de todo mundo, todo mundo precisa ter voz. Ter a voz reconhecida e participar do debate. E chegar a soluções. Tudo isso no limite da democracia, do respeito, da lei, que a gente tem que construir soluções juntos. E o preço da carne é só mais um exemplo de que enquanto a gente tiver medo de falar sobre essas coisas, uma hora a conta vem. E fica cara!"

Quando lançou o livro "De Porta em Porta", em setembro, observei: "Parece muito um cartão de visitas de alguém determinado a voos mais altos na vida pública. Um candidato a algo. Sem jamais se comprometer afirmativamente, Huck vem alimentando há anos a expectativa de que poderia, um dia, concorrer à Presidência. Ainda pode."