Moro diz que Bolsonaro pediu saída de conselheira do ministério
O ex-ministro Sergio Moro afirmou em depoimento que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu a demissão da conselheira Ilona Szabó, cientista política, do CNPCP (Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária) do Ministério da Justiça. Ela teve sua nomeação para o órgão revogada em fevereiro de 2019 por decisão de Moro, que acolheu o pedido do presidente, segundo o ex-ministro.
"O presidente, apenas uma vez, solicitou a revogação da nomeação de Ilona Szabó do Conselho Nacional de Política Criminal do Ministério da Justiça, órgão consultivo, e que o declarante [Moro], após relutar, concordou em aceitar a solicitação."
Ilona Szabó, do Instituto Igarapé, havia sido nomeada por Moro como integrante suplente do CNPCP, um órgão consultivo do MJSP (Ministério da Justiça e da Segurança Pública). Ela tem mestrado em estudos de conflito e paz pela Universidade de Uppsala, na Suécia, e é especialista em redução da violência e política de drogas. Sua nomeação teve grande repercussão entre bolsonaristas porque defende o desarmamento da população e havia criticado um recente decreto de Bolsonaro que liberava o uso de armas. Moro revogou a nomeação dias depois.
Na época, contudo, ele não disse que sofrera pressões também de Bolsonaro. A nota divulgada à imprensa pelo ministério dizia o seguinte: "O Ministério da Justiça e Segurança Pública nomeou Ilona Szabó, do Instituto Igarapé, como um dos vinte e seis componentes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), órgão consultivo do Ministério. A escolha foi motivada pelos relevantes conhecimentos da nomeada na área de segurança pública e igualmente pela notoriedade e qualidade dos serviços prestados pelo Instituto Igarapé. Diante da repercussão negativa em alguns segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o Ministério respeitosamente apresenta escusas".
O UOL teve acesso à íntegra do depoimento prestado por Moro à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em Curitiba no último sábado (2).
No depoimento Moro ainda abordou o interesse do presidente em trocar o chefe da PF no Rio de Janeiro, o processo de "fritura" do último diretor-geral da PF, Maurício Valeixo e o episódio do porteiro de seu condomínio na investigação da morte da vereadora Marielle Franco, entre outros temas.
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