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PMDB exagera números da economia em propaganda do partido

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Nivaldo Souza

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/11/2017 04h00

Com o objetivo de marcar distanciamento do governo da petista Dilma Rousseff às vésperas do ano eleitoral de 2018, o PMDB lançou propaganda partidária em cadeia nacional de televisão. A legenda do presidente Michel Temer, vice de Dilma empossado após o impeachment de 2016, dividiu a propaganda em uma série de peças de 30 segundos para veicular nas redes sociais. 

O foco das cinco mensagens veiculadas na internet é a economia, tendo como porta-vozes os senadores Romero Jucá (RR), Marta Suplicy (SP) e Eunício Oliveira (CE).

Eles são responsáveis por levar o slogan de que a mudança de governo colocou o país no rumo do crescimento.

Mas a parte principal da publicidade, que se intercala com falas dos senadores, está recheada de informações imprecisas como o texto mostra a seguir. O UOL procurou o PMDB para esclarecimentos por e-mail e por telefone. A assessoria da legenda recebeu o pedido e encaminhou as questões ao publicitário Elsinho Mouco, responsável pela propaganda peemedebista. Até a publicação deste texto, ele não havia respondido. Seu posicionamento será incluído assim que enviado.

O PT já havia exagerado dados em seu programa de outubro.

Veja a propaganda do PMDB

FALSO: PIB teve queda de 5,4%

O partido afirma que em 2016 o PIB (Produto Interno Bruto) foi negativo em 5,4%. O dado está errado. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou queda de 3,6% na atividade econômica no ano passado.

A propaganda não menciona que Temer ocupou a Presidência por mais de seis meses do ano passado. Ou seja, que parte do resultado ruim do PIB ocorreu sob seu comando.

Na peça publicitária, os números negativos aparecem sobre um slide vermelho, numa referência indireta ao PT, enquanto os dados positivos aparecem sobre um quadro azul. A mensagem termina com a frase: "Tiramos o Brasil do vermelho".

A propaganda também erra sobre a projeção de crescimento do PIB para 2017, indicando alta de 0,3%. O Ministério do Planejamento estima a alta em 0,5% e o Banco Central em 0,7%.

IMPRECISO: Safra de grãos desconsidera ano agrícola

O PMDB afirma que a safra de grãos do ano passado foi de 185 milhões de toneladas e será de 242 milhões de toneladas em 2017. O dado consta em balanço do IBGE.

Mas há imprecisão. O governo federal afere a safra por meio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A estatal é a responsável pelo acompanhamento da safra em todo o país, realizado com fiscais em campo e a divulgação regular de boletins de acompanhamento.

A Conab divide a safra num intervalo de 12 meses bianual. Por isso, o órgão apresenta estimativas e levantamentos fracionados, como exemplo, na safra 2017/2018. Ou seja, o período de plantio entre 1º de julho de 2017 e 30 de junho de 2018, quando será fechado o ano agrícola.

Enquanto para o partido governista seja mais interessante usar o dado do IBGE, que aponta alta, a Conab, responsável pelo acompanhamento qualitativo, indica queda na produção de grãos. Para a Safra 2017/2018, o recuo é estimado entre 4,4% e 6,2% em relação à safra 2016/2017.

A estatal espera que o volume de grãos como a soja caia de 238 milhões de toneladas, na safra 2016/2017, para um patamar entre 223,3 milhões e 227,5 milhões de toneladas na safra 2017/2018.

FALSO: Dados sobre a inflação

A propaganda do PMDB erra quando o tema é inflação. O partido afirma que os preços cresceram em média 9,28% em 2016, enquanto este ano pontua alta de 2,54%. Ambos os dados estão errados, se a intenção era fazer um comparativo anual.

O IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo), principal indicador inflacionário do país --elaborado pelo IBGE--, registrou inflação de 6,29% em 2016. O site oficial do governo exaltou esse número em janeiro como uma vitória do Palácio do Planalto sob o comando de Temer. 

A projeção de inflação em 2,54% também é um dado impreciso. O IPCA encerrado em outubro apontou inflação de 2,7%, acima dos 2,54% dos 12 meses encerrados em outubro de 2016.

IMPRECISO: Taxa de juros fica em 14,24%

O PMDB exalta na propaganda partidária que a Selic (taxa básica de juros) estava em 14,24% em 2016. O número correto é 14,25%, como consta no histórico do Banco Central. Apesar do deslize, a peça acerta quando afirma que o governo Temer reduziu a Selic para 7,5% ao ano em 2017.

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