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Novas vítimas de homofobia na av. Paulista dizem que apanharam por andar de mãos dadas

Arthur Guimarães<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

06/12/2010 17h08

Em depoimento nesta segunda-feira (6) no 5º Distrito Policial (Aclimação), dois rapazes que teriam sido vítimas de novo ato de homofobia na região da avenida Paulista afirmaram que apanharam por estar de mãos dadas.

Como explicou o delegado-assistente Renato Felisoni, o ataque aconteceu por volta das 4h de sábado (4). "Eles contaram que os agressores chegaram gritando 'desgruda, desgruda' e dizendo que eram 'viados' e 'tinham que morrer'", afirmou.

As vítimas são Robson Oliveira de Lima e Gilberto Tranquilini da Silva, ambos de 28 anos. Eles disseram que estavam saindo de uma boate gay na região quando foram abordados. "O Robson levou uma voadora no peito. E seguiu apanhando no chão, até sangrar", disse a autoridade policial. "O Gilberto também foi agredido."

Até agora, a polícia não tem pistas sobre os autores do ataque. Pelos depoimentos de hoje, os agressores estavam em um grupo de seis pessoas, sendo duas mulheres e quatro homens.

Investigadores acompanharam Silva e Lima até o local do crime hoje. Lá, eles explicaram o contexto da briga. "Já fizemos um mapeamento para saber se alguma câmera de segurança flagrou a cena", disse o delegado-assistente.

Casos recentes
No dia 14 de novembro, um grupo formado por quatro menores e um jovem de 19 anos agrediu com socos, chutes, pauladas e golpes de lâmpadas fluorescentes três pedestres que caminhavam na avenida Paulista.

No mesmo dia, um estudante de 19 anos foi agredido verbalmente e baleado por um militar do Forte de Copacabana no parque Garota de Ipanema. Os sargentos Ivanildo Ulisses Gervásio e Jonathan Fernandes foram presos pelo Exército. A agressão ocorreu logo após o fim da Parada Gay carioca.

Outro caso que indignou o movimento gay foi a recente publicação, na página da Universidade Presbiteriana Mackenzie --uma das mais tradicionais de São Paulo--, de um texto assinado pelo chanceler Augustus Nicodemus Gomes Lopes. No manifesto da igreja, a instituição diz que é contra à aprovação da lei contra a homofobia "por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia".