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Bombeiros encerram hoje buscas no local de desabamento no centro do Rio

Do UOL, em São Paulo*

29/01/2012 13h19Atualizada em 29/01/2012 14h49

O coronel Ronaldo Brito Alcântara, subcomandante dos Bombeiros, afirmou que até o final da noite deste domingo (28) serão encerradas as buscas por desaparecidos nos escombros do desabamento de três prédios na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro.

No local, permanecerá uma estrutura reduzida da equipe de buscas e salvamento, que dará suporte para as equipes que operam na retirada dos escombros. Os imóveis desabaram na noite da última quarta (25), na avenida 13 de Maio, próxima ao Teatro Municipal da capital fluminense.

Bens materiais nos escombros

Sobre a continuidade das buscas nos escombros retirados do local do acidente, a Prefeitura do Rio informou, em nota enviada na tarde deste domingo (29), que todo o material recolhido está sendo armazenado em um terreno da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), localizado no KM 0 da rodovia Washington Luis.

De acordo com a nota, o local é protegido 24 horas por dia pela PM, e possui duas câmeras, que filmam e gravam toda a movimentação. Todo o entulho está sob responsabilidade do corpo de Bombeiros, que realizará agora o trabalho de buscas por vítimas nesse material, no terreno da Comlurb.

Ainda segundo a nota, após a conclusão das buscas dos Bombeiros, a Polícia Civil e o Instituto Carlos Eboli realizarão perícia técnica e, somente após a perícia, a Prefeitura do Rio, com supervisão das autoridades policiais, contratará uma empresa que ficará responsável por separar os bens materiais que estão em meio aos escombros.

"A Procuradoria Geral do Município e a Polícia Civil adotarão todas as medidas possíveis para que o processo de separação seja acompanhado também pelos proprietários, a fim de que os bens sejam identificados e depois liberados pelas autoridades policiais.", finalizou a nota.

Dutos de ventilação vazios

Neste momento, os trabalhos estão concentrados na área do prisma de ventilação interna do anexo do Teatro Municipal, que tem passagem pela avenida Almirante Barroso. Um técnico da companhia de limpeza do município, com auxílio de uma pá mecânica, está retirando o entulho dos fundos do prédio e colocando na calçada.

Segundo Alcântara, nada foi encontrado nos dutos de ventilação do edifício Capital, que tinha entulhos até o terceiro andar do prédio. Os bombeiros trabalhavam com a expectativa de que algum corpo pudesse ser encontrado naquela área.

Durante a madrugada deste domingo (29), partes de corpos foram encontradas no terreno usado pela prefeitura do Rio para depósito dos escombros, na rodovia Rio-Petrópolis. As partes humanas foram enviadas para exame no Instituto Médico Legal (IML).

Até agora foram resgatados 17 corpos de vítimas da tragédia -- 13 foram identificados -- e 7 ainda estão desaparecidos.

Limpeza urbana

Quarenta operários da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos trabalham desde cedo na recomposição da calçada, limpeza do sistema de drenagem, recolocação de grelhas dos bueiros e removendo uma pequena quantidade de entulho. A companhia de limpeza urbana está usando caminhões-pipa para fazer a limpeza da avenida 13 de Maio, devido a poeira acumulada, com o desabamento dos três prédios.

Trânsito

A avenida 13 de Maio será liberada na segunda (30) para pedestres, entre a avenida Almirante Barroso e a rua Evaristo da Veiga. Na avenida 13 de maio, os prédios e o comércio do lado oposto ao desabamento também voltam a funcionar normalmente. O edifício Capital, de 20 andares, no número 6 da avenida 13 de Maio, permanecerá fechado, assim como o anexo do Teatro Municipal, na mesma avenida.
A avenida Almirante Barroso será totalmente liberada ao tráfego de veículos também na segunda-feira (30), a partir das 6h.

Indenizações de R$ 200 mil

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) considera que as famílias que perderam parentes no desabamento devem receber aproximadamente R$ 200 mil de indenizações.

De acordo com o procurador-geral da OAB do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Ronaldo Cramer, enquanto os responsáveis não forem apontados pelo poder público, as vítimas não têm condições jurídicas de pleitear indenizações na Justiça.

"Parentes de pessoas que morreram podem exigir indenizações por danos morais. E quem perdeu patrimônio tem direito a entrar com uma ação pedindo reparação material. Mas, naturalmente, essas ações só podem existir a partir do momento em que houver um réu", disse Cramer neste domingo, 29, em nota.

  • Imagem de 18.jan.2011 (esquerda) mostra local dos prédios (em vermelho) que desabaram no centro do Rio de Janeiro no dia 26.jan.2012 (direita)

O procurador ainda destacou que, no caso de perda patrimonial, o valor pago depende de quanto o autor da ação consegue documentar os investimentos feitos.

Para Cramer, o fato da apuração dos responsáveis ser responsabilidade do poder público pode facilitar a vida das vítimas na Justiça. "Essas pessoas não vão precisar produzir as provas que garantam o pagamento das indenizações".

Salas dos prédios

No caso dos proprietários e locatários de salas dos prédios que vieram abaixo, a luta pela indenização pode ser ainda mais árdua, considera Cramer, pois é necessário comprovar o investimento no espaço.

"Isso será dramático, porque as provas de investimentos estão embaixo dos escombros. O proprietário pode até conseguir um documento no registro de imóveis comprovando que a sala era dele, mas como atestar o que havia dentro das salas? Só com provas testemunhais, que são mais frágeis", concluiu, pontuando que ações desse tipo costumam demorar cinco anos.

Vítimas criticam indefinições

De acordo com reportagem da Folha.com, pessoas que tinham escritórios nos três prédios que desabaram temem perder objetos valiosos que ficaram nos escombros. Os órgãos públicos envolvidos na remoção dos destroços não sabem informar quando os interessados poderão acessar os escombros e tentar recuperar algo.

 

*Com infomações da Agência Brasil