Em assembleia, trabalhadores do Metrô de São Paulo e da CPTM decidem entrar em greve a partir da 0h de amanhã
Os trabalhadores do Metrô de São Paulo e das linhas 11-coral (Luz/Estudantes) e 12-safira (Brás/Calmon Viana) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metroplitanos) decidiram em assembleias realizadas nesta terça-feira (22) entrar em greve por tempo indeterminado a partir da 0h desta quarta-feira (23). Com a greve, o rodízio municipal de veículos foi suspenso.
Segundo o sindicato dos metroviários de São Paulo, recém-desfiliado da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), trabalhadores que entrariam no turno da noite nesta terça já estão em greve --para atender os usuários até a meia-noite, funcionários da tarde vão prolongar o expediente.
No caso do Metrô, não funcionarão as linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 5-lilás. A linha 4-amarela, por pertencer a um consórcio --o Via Quatro --, não deverá ser afetada pela paralisação.
"É bom o governador [Geraldo Alckmin] se preocupar e não colocar gente despreparadada para trabalhar, porque é um risco para a população”, disse o presidente do sindicato, Altino Prazeres.
A decisão foi tomada depois de uma audiência entre representantes do sindicato e da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), realizada à tarde, no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), e que terminou sem acordo.
O TRT ainda expediu liminar à Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP) que obriga a manutenção de 100% dos trabalhadores do sistema metroviário paulistano durante os horários de pico –das 5h às 9h, e das 17h às 20h –e de 85% do efetivo nos demais horários. Os metroviários haviam decretado estado de greve na última quarta-feira (16).
A decisão do TRT ainda proíbe a liberação de catracas, conforme sugerido pelo sindicato dos metroviários, em caso de não haver greve, e estabelece multa de R$ 100 mil diária à entidade em caso de descumprimento. A não liberação foi aceita pelo Metrô e pelo sindicato.
A reunião da categoria aconteceu no sindicato dos metroviários de São Paulo, no Tatuapé, zona leste da capital paulista. Amanhã ao meio-dia, no mesmo local, nova assembleia definirá se a greve permanecerá.
Índices reivindicados
No caso da CPTM, a empresa propôs 6,17% à categoria, mas o TRT sugeriu 7,05% --os funcionários pedem 10,83% (5,83% de reposição, mais 5% de aumento real).
Já os metroviários exigiam 5,13% de reposição salarial e 14,99% de ganho real e criticavam o fato de as contratações não terem sido suficientes para atender o número maior de passageiros transportados. Com a operação da linha 4-amarela, o movimento de passageiros aumentou para 4,4 milhões de pessoas por dia.
O estado de greve foi decretado pelos trabalhadores em assembleia realizada no último dia 16 –mesmo dia em que um acidente envolvendo dois trens na linha 3-vermelha deixou 49 pessoas feridas.
A categoria também exige equiparação salarial, jornada de 36 horas semanais e adicional de risco de vida de 30%.
O Metrô propôs reposição de 4,67% e 0,50% de aumento real a partir da data-base de 1º de maio, além de reajuste no vale-alimentação e no auxílio-creche também no índice de 4,67%. A companhia informou ainda que mantém a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) para os metroviários.
Já os ferroviários querem aumento de 7,05%, além de tíquete refeição no valor de R$ 21,50. A proposta da CPTM é de reajuste de 6,17% e tíquete refeição de R$ 19,50.
As negociações da categoria com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos começaram em março e as tratativas passaram a ser intermediadas pela Justiça trabalhista em maio, sem previsão de data de realização.
O Sindicato dos Ferroviários de São Paulo convocou uma assembleia para a tarde desta quarta-feira (23) para definir sua posição.
A decisão do TRT ainda proíbe a liberação de catracas, conforme sugerido pelo sindicato dos metroviários. Na urgência, metrô e sindicato concordaram com a medida.
Manifestação do Metrô
Em nota, o Metrô informou que será acionado o Paese (Plano de Apoio entre Empresas de Transporte frente a Situações de Emergência) para minimizar eventuais problemas causados não só aos mais de quatro milhões de usuários do sistema, como ao restante da população.
“Estamos no meio de uma negociação que não está finalizada”, diz trecho da nota, que informou ainda que caberá à Polícia Militar “o reforço do policiamento”.
Outros Estados
Greves de ônibus, trens urbanos e metrô causam transtornos a cerca de 900 mil pessoas em capitais do nordeste. Em Maceió, João Pessoa e Natal, os trens fazem apenas 30% das viagens diárias. No Recife, o metrô opera há oito dias com 50% das viagens e em horários de pico – das 5h às 9h e das 16h às 20h.
Segundo a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), são 300 mil pessoas prejudicadas. A greve dos servidores completou oito dias nesta terça-feira (22).
Em São Luís, os rodoviários endureceram a paralisação nesta segunda-feira (21), e 100% dos ônibus estão parados nas garagens. Segundo as empresas de ônibus, 600 mil usuários circulam pelos coletivos na capital e região metropolitana. A greve teve início na terça-feira da semana passada (15).
O metrô em Belo Horizonte também está paralisado desde o dia 14, afetando o cotidiano de aproximadamente 215 mil pessoas na capital mineira. Lá, os trens só funcionam nos horários de pico – das 5h20 às 8h30 e das 17h às 19h30.
O Rio Grande do Sul também sofreu nesta segunda-feira (21) com uma paralisação de 24 horas da Trensurb. O Sindicato dos trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviário e Conexas do Estado do Rio Grande do Sul reivindica reajuste de 21,51% nos salários.
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