Operação consegue registrar quatro primeiras chuvas artificiais no sertão da Bahia
A operação aérea para bombardeamento de nuvens resultou nas primeiras pancadas de chuva artificial no semiárido da Bahia. Segundo o governo baiano, quatro chuvas induzidas foram registradas na última terça-feira (29) e serviram para aliviar a maior estiagem registrada nos últimos 47 anos no Estado. Segundo a Defesa Civil Estadual, até o início da semana, eram 244 municípios em situação de emergência.
O projeto para tentar induzir chuvas artificiais foi anunciado pelo governo no último dia 14. Com investimento inicial de R$ 200 mil, o governo contratou uma empresa para estudar o perfil das nuvens do semiárido e tentar trazer a esperada chuva aos sertanejos. Os resultados da última terça-feira foram comemorados pelos produtores e deixaram os responsáveis do projeto animados com futuros resultados.
“Estamos supercontentes, pois o momento é adverso. Estamos em uma seca como não se vê há mais de 30 anos. Estávamos com receio de não termos nuvens, mas conseguimos”, explicou Majory Imai, diretora da empresa Modclima e responsável pelo projeto. O volume de chuva ainda será apurado.
SegundoMajory, três povoados de Itaberaba --Guariba, Alagoas e Santa Quitéria--, na região da Chapada Diamantina. Além dessa área, a região de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, também está sendo monitorada.
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Por ser um projeto-piloto, a diretora explicou que mantém informantes em várias localidades para confirmar sobre a possibilidade de induzir a chuva. “É necessário ficar dedicada monitorando na região. Para isso, treinamos observadores de nuvens. Fazemos o monitoramento via satélite e, quando a gente percebe alguma nuvem boa, a gente liga e confirma”, informou.
O projeto está sendo realizado pelas secretarias estaduais de Agricultura e do Meio Ambiente. Primeiramente, a ideia é realizar chuvas artificiais nas duas regiões. Caso seja possível induzir as precipitações, o governo pensa em levar adiante o projeto até setembro. A depender dos resultados, é possível que uma unidade permanente produtora de chuva seja instalada.
“Agora, vamos continuar. A gente está fazendo um projeto-piloto, pequeno, de 12 horas [de voo]. Vamos analisar se realmente existem nuvens nessa época para seguirmos, pois não podemos prometer milagres. Mas com essa seca a gente percebe que essa tecnologia é importante para mitigar o impacto da estiagem”, disse Majory.
“Se a gente tiver as unidades operando permanentemente, a gente vai fazer chuva o ano inteiro. Na época que está molhada é que é mais importante, pois no melhor momento estamos podemos abastecer para enfrentar o pior momento”, afirmou ela, citando que já adota o modelo em São Paulo, para ajudar no abastecimento de represas que abastecem o Estado.
O projeto
Segundo a empresa, o processo de chuva artificial consiste em semear água nas nuvens com potencial para chuva. A técnica estimula o processo de crescimento da gota de água nas nuvens precipitando-as.
Segundo o secretário de Agricultura da Bahia, Eduardo Sales, o sistema não utiliza meios químicos. “É um projeto natural, sem utilização de produto químico e aprovado pela ONU. Através de radar e satélite, que vê as nuvens com potencial de precipitação, um avião decola com dois pulverizadores, que jogam gotículas de água. Elas batem no vapor da nuvem e fazem peso. Com isso, a gravidade faz a água cair”, explicou.
Para Sales, a seca desse ano é a maior já enfrentada pelo Estado, o que obriga o governo a adotar medidas urgentes e até sem eficácia garantida. “Dizem que é a pior seca em 47 anos, mas acho que é a pior da historia. As pessoas que estão na capital não entendem a gravidade do que está se passando no interior. Então, tudo que for tentativa, nós vamos fazer para tentar minimizar esse sofrimento” afirmou.
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