Adolescente indígena é morto com tiro na cabeça em Mato Grosso do Sul
O corpo de um adolescente de 15 anos, morto com um tiro na cabeça, foi encontrado no último domingo (17), em uma estrada que separa a aldeia guarani-kaiowá tey´ikue de fazendas existentes na cidade de Caarapó, na região sudoeste de Mato Grosso do Sul, a cerca de 50 km de Dourados.
Segundo o coordenador substituto do escritório da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Dourados, Vander Aparecido Nishijima, o corpo de Denilson Barbosa foi localizado depois de uma denúncia anônima. Ele disse que a polícia trabalha com a hipótese de que o jovem tenha sido executado.
As primeiras informações dão conta de que o adolescente saiu para pescar com o irmão mais novo, de 11 anos, e outro índio, no sábado (16) à tarde. Aparentemente, os três pretendiam ir a um córrego cuja nascente fica no interior da terra indígena e que cruza algumas fazendas próximas. Ao passarem próximo a um criadouro de peixes, os três foram abordados por homens armados que, segundo os dois índios sobreviventes, atiraram. Na fuga, Denilson teria ficado preso em uma cerca de arame farpado, foi alcançado pelos pistoleiros e agredido.
Revoltados, parentes do adolescente e moradores da aldeia ocuparam a fazenda onde o crime teria ocorrido e enterram o corpo de Denilson. Os índios já reivindicavam a área como território tradicional indígena. O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) informou que a comunidade indígena planeja uma série de protestos para chamar a atenção para o assassinato.
Segundo o Cimi, depois de tomar conhecimento do que ocorreu, o pai de Denilson foi até a fazenda procurar o filho, mas o local estava deserto. O corpo foi avistado por um caminhoneiro que passava pela estrada por volta das 5h de domingo.
Cerca de 5.000 índios vivem na Terra Indígena de Caarapó, que mede cerca de 3.500 hectares (1 hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, aproximadamente as medidas de um campo de futebol oficial).
De acordo com o Cimi, desde a criação do território indígena, em 1924, os índios são obrigados a pescar fora de sua reserva, já que não há peixes nas nascentes dos córregos existentes no interior da reserva. Segundo o Cimi, isso tem provocado problemas e conflitos recorrentes.
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