Sem ônibus, estudante passa o dia todo no centro do Rio e perde emprego: "Arruinou meu dia"
A estudante de moda Bárbara de Oliveira, 23, passou o dia inteiro na região central do Rio de Janeiro em busca de ônibus para chegar primeiro à faculdade, na Barra da Tijuca (zona oeste), e depois ao seu novo emprego, na Tijuca (zona norte), em vão. Às 18h30, ela ainda estava na Central do Brasil e havia perdido a oportunidade profissional. A movimentação na Central do Brasil foi intensa durante todo o dia, devido ao excesso de passageiros e à escassez de ônibus no primeiro dia de greve dos motoristas e cobradores na cidade.
“A greve prejudicou muito minha vida, porque eu preciso do transporte para estudar e trabalhar. Isso arruinou totalmente meu dia”, desabafou. Bárbara contou que saiu de casa, na Ilha do Governador, às 8h, para resolver problemas de documentação na faculdade. E precisava estar às 14h30 na Tijuca, onde era esperada em uma loja para o primeiro dia de trabalho.
Desde as 10h30, não conseguiu mais sair da região, porque não conseguiu transporte nem para a zona oeste, nem para a zona norte: “Se passar qualquer coisa agora, eu pago quanto pedirem, porque quanto mais tarde, vai ficar mais perigoso e mais caro.” Ela disse que, normalmente, gasta no máximo uma hora no percurso entre a casa e a universidade.
O Sintraturb (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro) decidiu, em assembleia no início da tarde desta sexta-feira (1º), prolongar a paralisação de ônibus que causou transtornos na região metropolitana e na Baixada Fluminense por tempo indeterminado, mas agora terá que cumprir uma determinação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de manter circulando pelo menos 80% da frota.
Uma nova assembleia deve ser realizada na segunda-feira (4), às 18h, para decidir os rumos da greve. De acordo com o Sintraturb, sindicato vinculado à NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), 10% dos cerca de 9.000 ônibus que circulam no Rio estiveram nas ruas nesta manhã, o percentual mínimo da frota que deve ser mantido em operação segundo a Lei de Greve.
A greve acontece justamente na data em que a capital fluminense completa 448 anos e no dia em que a presidente da República, Dilma Rousseff, cumpre agenda no Rio.
Transtornos
A paralisação causou transtornos na cidade desde a noite de quinta (28), quando foi decretada em assembleia da categoria. Motoristas e cobradores de ônibus bloquearam a avenida Brasil (uma das vias mais importantes da cidade) em protesto, por volta das 21h, o que causou lentidão no trânsito na altura do bairro de Guadalupe, zona norte da cidade.
Cerca de 50 ônibus que circulam pela zona oeste foram apedrejados por rodoviários grevistas que promoviam piquetes nas portas das garagens das empresas Pégaso e Viação Jabour, em Campo Grande.
Nesta manhã, sem ônibus nas ruas, passageiros se aglomeraram nos pontos. Muitos acabaram recorrendo às vans, que têm circulado lotadas. Multidões fazendo longos percursos a pé formam o cenário carioca desta sexta. Táxis fazem viagens lotados, cobrando às vezes R$ 20 por passageiro.
A Secretaria Municipal de Transportes e a CET-Rio informaram que os corredores do BRS estão liberados para embarque e desembarque de passageiros de táxis.
No Twitter, usuários se queixam das dificuldades que têm tido para se deslocar na cidade. O internauta AJ Júnior (@ajrodriguezjr) desabafou: "Greve de ônibus, caos no metrô, vans lotadas. Assim começa a sexta-feira". Alice Tattianna (@alicetatianna) postou: "Depois de 50 minutos parada no ponto, eu descubro que os ônibus estão em greve".
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