Moradores de favela que papa vai visitar no Rio esperam melhorias
Localizada em uma região do Rio do Janeiro conhecida até pouco tempo atrás como faixa de Gaza por causa da violência, a pequena favela de Varginha, na zona norte da capital fluminense, ganhou repercussão mundial nesta terça-feira (7) ao ser confirmada como parte do roteiro da visita do papa Francisco à cidade durante a Jornada Mundial da Juventude.
Ao contrário do Vidigal, favela vizinha ao Leblon, na zona sul, visitada pelo papa João Paulo 2º em 1980, Varginha não tem vista para o mar nem moradores famosos. Uma das dez comunidades que compõem o Complexo de Manguinhos, área com cerca de 33 mil pessoas, segundo o IBGE, pacificada em janeiro, a favela é composta por três ruas principais, vários becos e um campo de futebol, e é separada da comunidade de Mandela por um rio, que serve também como depósito de lixo e esgoto.
O papa deve visitar a Capela de São Jerônimo, na entrada da favela, conhecer a casa de uma família e rezar uma missa no campinho de futebol, de onde é possível ver a estátua do Cristo ao longe. Entre os moradores, o clima é de expectativa, tanto pela visita quanto pelas possíveis melhorias que a comunidade pode receber.
“Receber o papa é uma benção, mas espero que a comunidade melhore. Essa rua recebeu uma capinha de asfalto em 1982, depois nunca mais”, diz o carpinteiro José da Costa, 67, referindo-se a principal rua da comunidade, repleta de buracos. Ele e a esposa Maria de Souza, 63, esperam ao menos cinco parentes em casa para a jornada, número que pode aumentar com a confirmação da presença do pontífice em Varginha. “Sempre que o papa veio, fomos atrás. Agora ele vem até nós. Por enquanto vamos receber cinco primos, quem sabe mais. É uma alegria muito grande”, diz Maria.
Apesar da chegada da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) no começo do ano, a região ainda guarda resquícios dos tempos de violência, como quebra-molas construídos pelo tráfico, e boa parte dos moradores prefere não comentar a nova situação “Vendo minhas frutas, procuro não incomodar ninguém e ninguém me incomoda, mas a gente sabe que o tráfico não vai acabar em nenhuma comunidade”, afirma o aposentado Pedro Batista de Souza, 62, dono de um carrinho de verduras.
Ele diz que se o papa realmente vier, vai procurar vê-lo, e faz coro a Costa. “A gente precisa de muita coisa: esgoto, asfalto, meio-fio, mais força na água, que vem muito fraca. Uma pracinha para as crianças brincarem. Espero que mude alguma coisa.”
Segundo a prefeitura da zona norte, está sendo realizada uma força-tarefa entre a Comlurb, a Secretaria de Conservação e a Rioluz para realizar melhorias na região, entre elas a poda de árvores, limpeza de ruas e recapeamento do asfalto.
Moradora da comunidade há 60 anos, a mineira Ana Alves de Souza é uma das mais ansiosas com a visita. Ela espera que a passagem do pontífice inclua também a igrejinha em homenagem a São Sebastião que ela e outros vizinhos construíram. “Tudo que a gente faz é com doações e chega uma hora que não tem dinheiro para nada”, conta.
A capela, ainda inacabada, foi erguida com doações e fundos arrecadados com o aluguel de uma sala anexa usada como garagem, e sofre com o abandono. O teto está todo mofado, ameaçando cair em algumas partes, as janelas quebradas e tem missas apenas uma vez por ano. “Quem sabe com a visita do papa a gente consiga abrir de vez a igreja”, diz, ao lembrar que por enquanto só é possível rezar uma missa por ano, no dia do padroeiro São Sebastião. “É um lugar tão escondidinho, nunca imaginei que ele viria até aqui”, diz.
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