"Sou contra vandalismo, mas a causa é justa", diz usuária de transporte público após protestos em SP
“Vi as imagens da manifestação pela TV e acho que deveria ter mais gente se manifestando contra o aumento [do preço da passagem e ônibus]”. Para Elza Francisca de Oliveira Pereira, 53, doméstica que pega ônibus na avenida Paulista diariamente, os protestos registrados na noite desta quinta-feira (7) na principal avenida da capital paulista, que resultaram em confronto entre a Polícia Militar e os manifestantes, são legítimos. “Sou contra vandalismo, mas a causa é justa", explicou ela.
Depois do protesto que reuniu cerca de 1.000 manifestantes contra o aumento da tarifa de ônibus --que subiu de R$ 3 para R$ 3,20 no último domingo (2), foram registrados diversos pontos de depredações a patrimônios públicos. Segundo a Polícia Militar, 15 pessoas foram detidas. O UOL percorreu a avenida na manhã de hoje e ouviu dos passageiros e transeuntes opiniões de apoio ao protesto e críticas ao vandalismo.
“Toda manifestação é justa, apesar de eu achar que excessos como violência e depredação são errados. Gostaria de participar de protestos, mas o rumo que eles acabam tomando me desencoraja”, contou a advogada Mei Chan, 36, que também é usuária do transporte público da região. "O preço da nova tarifa é injusto e a qualidade do transporte não corresponde ao que é pago de impostos”.
O analista de crédito Anderson Porto, 33, porém, considera os manifestantes oportunistas. “É tudo gente de esquerda. Inclusive, não entendo por que estão protestando se o prefeito é do PT. Acho a passagem cara, mas para mim a solução seria a prefeitura reduzir o imposto sobre o transporte.”
Protesto hoje
Na manhã desta sexta-feira (7), já não havia nenhum sinal do confronto na avenida Paulista. As lixeiras, derrubadas durante a noite, já estavam no lugar, e até a vidraça da estação Consolação do Metrô, estilhaçada durante a manifestação, já foi substituída. O vidro quebrado na entrada do metrô Trianon Masp também estava sendo trocado.
O Movimento Passe Livre, que fechou a avenida Paulista e outras vias importantes da cidade de São Paulo na noite desta quinta-feira (6), marcou, pelo Facebook, um novo protesto para hoje, com concentração às 17h em frente ao largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste da cidade. De acordo com o grupo, "se a tarifa não baixar, amanhã vai ser maior".
A manifestação terminou em confronto com a Polícia Militar, que lançou bombas de efeito moral para conter o protesto, e uma tentativa do grupo de entrar no shopping Pátio Paulista, já próximo ao Paraíso. O estabelecimento precisou ser cercado pela Polícia Militar.
Foram disparadas cerca de dez bombas e também tiros de borracha. Os pedestres, muitos sem relação com a manifestação, estavam com rostos cobertos para se proteger contra os gases das bombas.
Imagens captadas por câmeras de TV, no alto, mostraram ainda civis saqueando bancas de jornais localizadas na avenida. Na confusão, a entrada das estações Trianon-Masp e Brigadeiro, da linha 2 - verde do metrô, foram depredadas e foi ateado fogo em lixo lançado no meio da avenida.
Mais cedo, os manifestantes bloquearam a avenida Nove de Julho, no sentido bairro, na altura da praça da Bandeira. Passageiros que seguiam para o terminal Bandeira e para o metrô acabaram sendo atingidos pelo gás lacrimogêneo lançado pela polícia. Não há informações sobre feridos.
O Movimento Passe Livre reúne estudantes, trabalhadores e representantes de partidos políticos, como PSOL e PSTU.
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