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ONGs apontam negligência da prefeitura na morte de moradora de rua no centro de SP

Moradora de rua conhecida como Meire da Silva morreu nesta sexta-feira (12) na praça da Sé, na área central da capital - Divulgação/ONG Rede Rua
Moradora de rua conhecida como Meire da Silva morreu nesta sexta-feira (12) na praça da Sé, na área central da capital Imagem: Divulgação/ONG Rede Rua

Fabiana Maranhão

Do UOL, em São Paulo

12/07/2013 21h45Atualizada em 13/07/2013 11h58

Uma moradora de rua morreu nesta sexta-feira (12), na praça da Sé, na área central da capital. ONGs dizem que houve negligência da Prefeitura de São Paulo. Segundo as entidades, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) e o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) se negaram a prestar atendimento à mulher.

A mulher se chamava Meire da Silva, era cadeirante, tinha aproximadamente 55 anos e morava na praça da Sé havia pelo menos dez anos, afirma Alderon Pereira da Costa, da Rede Rua, associação que trabalha há 15 anos com pessoas que não têm onde morar. A moradora de rua começou a passar mal na tarde da quinta-feira (11), conta ele.

Alderon diz que pessoas que conheciam a mulher pediram ajuda a GCMs que estavam na praça da Sé. "Os moradores de rua contaram que os guardas se negaram a prestar socorro. Os GCMs teriam dito que não eram polícia e que não iriam atender a senhora", relata.

Dois chamados foram feitos ao Samu, de acordo com o representante da ONG. "O primeiro foi às 16h da quinta-feira (11) e o outro na manhã de hoje. Eles só foram aparecer por volta das 10h e atestaram que ela já estava morta", narra Alderon. O corpo ficou no local por mais de oito horas até ser recolhido pelo IML (Instituto Médico Legal).

Benedito Roberto Barbosa, advogado do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, esteve no local e conversou com pessoas que conheciam a mulher. "Eles estão revoltados com essa situação. Disseram que pediram apoio e ninguém quis prestar socorro. O marido, que estava ao lado do corpo da mulher, estava desolado", diz.

"A população de rua não é considerada ser humano. Não é reconhecida como cidadãos que têm direitos. A cidade precisa olhar [os moradores de rua] com olhos diferentes. Eles não são coisas nem objetos; são pessoas", afirma Alderon Pereira da Costa.

Prefeitura diz lamentar ocorrido

Em nota, a Prefeitura de São Paulo lamentou a morte da moradora de rua e informou que ela era acompanhada por equipes de abordagem da Assistência Social desde 2008.

De acordo com a prefeitura, no mês de abril, ela aceitou ser encaminhada para obter seus documentos. Logo depois, mudou-se com o companheiro para a região de Campo Limpo, na zona sul da capital, mas voltou à praça da Sé no dia 20 de maio, quando voltou a ser acompanhada.

"Por ora, não foram encontrados registros de chamadas para a Guarda Civil Metropolitana e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. No entanto, os relatos serão devidamente apurados e, constatada eventual negligência, serão abertos processos administrativos para apuração de responsabilidades", informa a nota. 

Em nota enviada neste sábado (13), o Serviço Funerário da Prefeitura afirma que "a responsabilidade pelo recolhimento é do Instituto Médico Legal".  "Frente ao ocorrido realizaremos o sepultamento tão logo o IML finalize os procedimentos necessários”, disse o superintendente do Serviço Funerário do Município, Sérgio Trani.