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Laudo norte-americano não representa reviravolta no caso Isabella Nardoni, diz procurador

Alexandre Nardoni, condenado pela morte da filha, Isabella - Fernando Donasci/Folhapress
Alexandre Nardoni, condenado pela morte da filha, Isabella Imagem: Fernando Donasci/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

08/08/2013 18h18

O procurador de Justiça Francisco Cembranelli disse nesta quinta-feira (8), após a publicação de um laudo dos Estados Unidos que apontou que Isabella Nardoni não foi esganada nem pelo pai nem pela madrasta, que o documento norte-americano não representa reviravolta no caso.

“Opiniões e demais trabalhos eventualmente encomendados e recompensados pela parte interessada, sem desmerecer a capacidade de ninguém, foram feitos por quem nunca atuou, não tem conhecimento do conteúdo integral do processo", apontou por meio de nota Cembranelli, que foi promotor do Júri que condenou o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá pela morte da menina de cinco anos.

Segundo ele, o laudo internacional "não tem condições de desmoralizar o trabalho de mais de três dezenas de profissionais do IML/SP, IC/SP e Polícia Civil/SP". Cembranelli também acrescentou a existência de várias outras perícias que justificaram a condenação dos réus por um júri soberano. "É descabido falar-se em reviravolta do caso, como publicado."

Os questionamentos levantados pelo novo laudo, para o procurador, são "desnecessários no momento". 

Procurada pela reportagem, a advogada Cristina Christo Leite, que representa Ana Carolina Oliveira --mãe da menina Isabella--, disse que não iria se manifestar sobre o assunto. "O laudo não passa de um boato", justificou ela.

O laudo

O novo laudo, encomendado pelo criminalista Roberto Podval --que defende o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina morta aos 5 anos, em 2008--, foi feito nos Estados Unidos pelo diretor do Instituto de Engenharia Biomédica da George Washington University, James K. Hahn. 

Os exames feitos pela equipe do professor americano concluíram que as marcas no pescoço da menina não foram causadas pelas mãos de Anna Carolina, conforme a acusação feita pelo Ministério Público Estadual. Também determinam que tampouco foram resultado de esganadura feita pelo pai da criança. As marcas - chamadas de esquimoses puntiformes na nuca direita - não foram, segundo a perícia, feitas por mãos humanas. 

Prisão

O casal Nardoni cumpre pena desde que, em março de 2010, foi condenado pelo 2º Tribunal do Júri de São Paulo pela morte da garota. O pai recebeu a pena de 31 anos de prisão, enquanto a madrasta, de 26 anos e 8 meses. Ambos recorreram da decisão, mas a Justiça ainda não terminou de analisar seus recursos.

Anna e Alexandre foram condenados por homicídio qualificado - meio cruel, sem dar chance de defesa para a vítima e para assegurar a impunidade de outro crime.

De acordo com a acusação, a menina teria sido espancada pela madrasta, que teria tentado sufocá-la. Pensando que ela estava morta, o pai cortou com uma tesoura uma rede de proteção da janela de um quarto do apartamento do casal, na zona norte de São Paulo. Em seguida, Alexandre apanhou a menina e a atirou pela janela. A criança caiu no jardim do prédio.