Maioria dos manifestantes deixa a ocupação da Câmara do Rio
A maioria dos manifestantes que ocupava a Câmara do Rio de Janeiro desde a sexta-feira (9) em ato contra a escolha dos integrantes da CPI dos Ônibus decidiu em assembleia realizada na noite deste sábado (10) encerrar o protesto. Um grupo de cerca de 50 pessoas deixou o local por volta das 23h.
Segundo os manifestantes, seis pessoas que não acataram a decisão coletiva permanecem dentro do prédio do Legislativo carioca.
Raphael Andrade, um dos manifestantes que ocupava a Casa, diz que a desocupação ocorreu porque "a Câmara estava irredutível [em aceitar negociar com os manifestantes] e as manifestações vão continuar nas ruas".
Em nota oficial, os manifestantes afirmam que a desocupação ocorre como um "ato de repúdio" à postura do presidente da Câmara, Jorge Felippe (PMDB), que teria inviabilizado as negociações da pauta de reivindicações do grupo.
Doze integrantes da ocupação se reuniram com Filipe no início da tarde desse sábado (10). Não houve acordo na reunião e os dois lados decidiram realizar um novo encontro na próxima segunda-feira (12), para discutir com todos os parlamentares o futuro da CPI dos Ônibus.
O grupo diz que a desocupação foi necessária para garantir maior mobilização de pessoas para participar da reunião na segunda-feira e da primeira sessão da CPI, prevista para terça.
A principal reivindicação dos manifestantes é a anulação da reunião de instalação da CPI que elegeu os PMDBistas Chiquinho Brazão para a presidência e Professor Uóston para a relatoria e nova reunião para instalar a comissão "de forma legítima".
O grupo diz na nota que a ocupação foi vitoriosa, tendo como maiores conquistas "retirar o prefeito Eduardo Paes (PMDB) de seu isolamento e omissão" e ter ressaltado o "caráter anti-democrático da instalação da CPI.
Ocupação
A ocupação da Câmara do Rio começou por volta das 9h de sexta-feira (9), após a sessão que instalou a CPI que irá investigar o transporte público municipal da cidade.
Parte dos interessados em acompanhar a sessão foi impedida de entrar no prédio da Câmara. Após a escolha dos integrantes da CPI, composta por apenas um parlamentar de oposição, os manifestantes decidiram ocupar a plenária.
Mais de cem pessoas que estavam do lado de fora da Casa forçaram a entrada e gritaram palavras de ordem na frente do gabinete do presidente da Câra, Jorge Felippe (PMDB) até serem recebidos pelos vereadores. O gabinete do escolhido como presidente da CPI, Chiquinho Brazão (PMDB), chegou a ser pichado.
A luz do prédio chegou a ser cortada e os banheiros trancados. Policiais se posicionaram nas portas de acesso à plenária. Temendo a invasão da polícia, os manifestantes montaram barricadas para fechar as portas.
CPI dos Ônibus
De acordo com o vereador da oposição Eliomar Coelho (PSOL), a comissão pretende investigar a licitação, realizada em 2010, que definiu as empresas que viriam a operar, em sistema de consórcio, as linhas de ônibus da cidade.
Em 2012, o TCM (Tribunal de Contas do Município) apontou indícios de formação de cartel entre as empresas participantes do processo licitatório.
Segundo Coelho, falta transparência na relação entre o Executivo e as empresas de ônibus."Quem define a política de transportes no Rio de Janeiro não é o prefeito Eduardo Paes [PMDB], é a Fetranspor [Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado]", afirmou. "É preciso que esses políticos saiam desse profundo silêncio. "
A primeira reunião da CPI está marcada para terça-feira (13), com a convocação do atual secretário de transportes, Carlos Osório, e também do ex-secretário da mesma pasta, Alexandre Sansão. O prazo de conclusão da CPI é de 120 dias.
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