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Italiano e brasileira têm prisão decretada por trabalho escravo e tortura de jovem na Europa

Do UOL, em Maceió

19/08/2013 13h03

A Justiça Federal decretou a prisão preventiva de um casal que vive na Itália e é acusado de tortura e trabalho escravo contra uma jovem baiana, convidada para trabalhar como doméstica na cidade italiana de Verona, em 2009.

O pedido de prisão foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF), que divulgou o decreto de prisão preventiva nesta segunda-feira (19). São acusados o Italiano Agostino Meneghini e a brasileira Natalice Lago Reis.

Eles foram denunciados pelos crimes de tortura, ameaça, redução à condição análoga de escravo e frustração de direito assegurado por lei trabalhista. À Polícia Federal, a Justiça solicitou que os mandados de prisão preventiva sejam incluídos na lista da Interpol (Organização de Polícia Internacional).

A Justiça determinou também que o Ministério da Justiça adote providências para a extradição da brasileira Natalice Lago Reis.

O crime

O crime teria sido praticado durante oito meses. Segundo o MPF, a jovem morava em Camaçari (região metropolitana de Salvador) e foi convidada a trabalhar como empregada doméstica. Ela ficou na Itália entre agosto de 2009 e junho de 2010.

Após retorno ao Brasil, a jovem passou por exame, e um laudo confirmou as agressões --ela possuía várias cicatrizes pelo corpo. A promessa à jovem era ter um salário mensal de 200 euros (equivalente a R$ 640, hoje). Ao fim do período de um ano, a funcionária deveria ressarcir os empregadores pelos custos da viagem.

Mas, após chegar à Itália, ela acabou encontrando um cenário diferente do prometido. Segundo o MPF, os acusados passaram a cobrar, de imediato, o ressarcimento dos valores pagos por sua passagem. Como não podia pagar, passaram então a exigir a prestação de serviços domésticos sem qualquer remuneração.

Ainda segundo a denúncia, a jovem foi impedida de sair da casa --apenas podia ir ao jardim. Além do trabalho escravo, ela também alega que sofria violência física e psicológica. A alegação dos agressores era de que batia no filho do casal.

Segundo a denúncia, a jovem seria obrigada a entrar em uma banheira com água gelada, sal e vinagre para que as marcas das agressões fossem encobertas. O casal, que mora na Itália,  ainda não constituiu advogado no país.