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Polícia investiga crime ambiental em SC; empresa nega incêndio e fala em "reação química"

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

26/09/2013 10h49Atualizada em 26/09/2013 13h09

O delegado Leandro Lopes, titular da delegacia de São Francisco do Sul (189 km de Florianópolis), abriu inquérito nesta quinta-feira (26) para apurar a ocorrência de "crime ambiental" e de "crimes contra a saúde pública", provocados pelo incêndio do depósito de fertilizantes nesta cidade portuária.

Lopes disse que "antes de qualquer diligência é preciso esperar cessar o perigo. Depois precisaremos de um laudo dos bombeiros e da realização de uma perícia, para apurar os danos e determinar os responsáveis".

O empresário Nelson Possamai, da Global Logística, empresa responsável pelo depósito incendiado, disse que "não houve um incêndio, foi uma reação química, ainda precisamos saber o que foi que aconteceu".

Possamai afirmou que a empresa tinha pessoal especializado para trabalhar com os contêiners de fertilizantes.

O comandante dos bombeiros de Santa Catarina, coronel Marcos de Oliveira, disse, na quarta-feira, que o local não tinha sido vistoriado pelos bombeiros militares --a corporação faz parte da Polícia Militar do Estado.

Já os bombeiros voluntários da cidade de São Francisco que atuam no combate ao fogo nunca vistoriaram a área porque esta atribuição seria apenas dos militares.

Segundo Marcus Gonçalves, peritos da Fatma (Fundação Estadual de Meio Ambiente) já estão na cena do incêndio para começar a avaliar o impacto ambiental no solo e lençol freático da região.

Ele disse que a fundação havia vistoriado o armazém incendiado uma semana antes, sem registrar irregularidades. O prédio é composto apenas de paredes de alvenaria e cobertura de telhas, sem nenhum equipamento que possa gerar chamas.

 

 

Estado de emergência

A cidade de 42 mil habitantes está sob estado de emergência desde quarta. Mais de 800 pessoas foram levadas para abrigos da prefeitura. O prefeito Luiz Roberto Oliveira (PP) fez apelos por doações de colchões e mantimentos para os abrigados.

Cidade fica a 189 km da capital

  • Arte/UOL

A Defesa Civil isolou um raio de 2 km do depósito. A população está sendo constantemente alertada para afastar-se da rota da fumaça. Sua toxidade moderada produz irritação nos olhos, nariz e garganta. A Secretaria da Saúde recomendou que as pessoas permanecessem em locais arejados. Mais de 5.000 máscaras foram distribuídas à população.

Um bombeiro que trabalhou dentro do depósito sofreu uma intoxicação grave e foi internado na UTI. Segundo o hospital, seu estado de saúde é considerado estável.

Além dos moradores abrigados pela prefeitura, cerca de 400 famílias deixaram suas casas nos bairros mais afetados pela fumaça e foram para Joinville, para casas de parentes ou hotéis. A Polícia Militar e tropas do Exército patrulharam a região durante a noite, para evitar saques.

O posto de comando da crise ambiental está montado na prefeitura local. O expediente das repartições foi suspenso. O comércio fechou e as aulas também foram suspensas até sexta.

Paraná

A fumaça tóxica chegou a Guaratuba, no litoral sul do Paraná na quarta-feira. As aulas na cidade foram suspensas.

A Defesa Civil do Paraná divulgou nota na manhã desta quinta-feira afirmando que mantém estado de alerta na região sul do Estado.

Segundo o órgão, um pescador que estava no mar próximo à divisa entre Paraná e Santa Catarina na quarta-feira foi atendido com sintomas leves de intoxicação, mas liberado após avaliação, sem complicações.

Os técnicos paranaenses atribuem "caráter tóxico" à fumaça, mas afirmam que "sua periculosidade se dá apenas nas proximidades do incêndio".

Sete pessoas procuraram os hospitais com sintomas de intoxicação leve. Elas foram medicadas e passam bem. A Defesa Civil está monitorando a qualidade do ar em dois pontos da cidade litorânea de Guaratuba (143 km de Curitiba), no centro e no bairro Coroados, onde moradores reportaram ter sentido "cheiro de queimado", atribuído ao incêndio catarinense.