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Jovem chegou algemado a DP após suposto flagrante forjado no Rio, diz advogado

Vídeo publicado pelo jornal "O Globo" mostra o momento em que um PM supostamente forja um flagrante ao jogar um morteiro no chão - Reprodução/"O Globo"
Vídeo publicado pelo jornal "O Globo" mostra o momento em que um PM supostamente forja um flagrante ao jogar um morteiro no chão Imagem: Reprodução/"O Globo"

Juliana Dal Piva

Do UOL, no Rio

03/10/2013 13h46

O advogado Lucas Sada, do DDH (Defensores de Direitos Humanos), afirmou que o adolescente de 15 anos detido em um suposto flagrante forjado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro na última terça-feira (1º) chegou à delegacia algemado e acompanhado por um grupo de policiais. Sada contou que os policiais chegaram à DP sem sequer portar os morteiros que seriam motivo da acusação contra o manifestante.

"A algema só foi retirada no balcão de atendimento da delegacia, e os policias que o conduziram disseram que ele estava portando uma mochila com rojões, mas não conseguiram trazer a mochila por conta de um tumulto de manifestantes que interferiu no caminho”, contou o advogado, que acompanha os protestos para garantir assistência jurídica aos manifestantes.

Um vídeo divulgado pelo jornal "O Globo" mostra que um grupo de PMs recolheu um morteiro no chão e em seguida abordou um grupo de jovens durante manifestação dos professores na terça. Na sequência, o policial deu voz de prisão a um rapaz que estava com uma mochila sob a acusação de portar o morteiro.

Ainda segundo Sada, os policiais disseram que o major Pinto, que aparece nas imagens dando voz de prisão, é quem levaria a mochila para comprovar as acusações. "Mas aí passaram mais de duas horas e o major Pinto chegou sem a mochila e se dirigiu ao adolescente dizendo que não iam acusar ele de portar rojões ou morteiros. Depois, o major ficou falando que ele estava no meio dos black blocs e  ainda passou uns cinco minutos dizendo que ele deveria estar estudando", afirmou o advogado.

Ao final, nenhuma acusação foi registrada. Como o jovem tem menos de 18 anos, foi assinado um termo antes que ele fosse entregue à mãe, chamada na delegacia.

"O menino estava calmo, tranquilo e não caiu em nenhuma contradição. Sequer respondeu ao major Pinto. É importante destacar que a condução sem ato infracional por si só é abusiva, ainda mais com uso de algema, sem que ele oferecesse resistência", explicou Sada.

O advogado informou ainda que, devido à repercussão, o adolescente prefere não comentar o caso.

  • Fábio Teixeira/UOL

    O PM usou spray de pimenta durante protesto dos professores do lado de fora da Câmara dos Vereadores no dia 30 de setembro

Afastamento

A Polícia Militar decidiu afastar das manifestações os dois policiais militares envolvidos no caso. Os PMs afastados foram identificados pela corporação apenas como tenente Andrade e major Pinto. Eles não foram afastados da corporação e nem de outras atividades e devem depor ainda hoje.

Ainda de acordo com a Polícia Militar, um deles --o major Pinto-- é o mesmo policial que foi fotografado jogando spray de pimenta nos professores que protestavam em frente à Câmara Municipal na tarde de segunda-feira (30).