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Mais nove médicos são indiciados por homicídio e tráfico de órgãos em MG

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

27/02/2014 21h57

Dois dias após o TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) ter reformado sentença do juiz da Vara Criminal de Poços de Caldas (a 344 Km de Belo Horizonte), Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, reduzindo a pena de quatro médicos envolvidos na venda ilegal de órgãos e tecidos humanos para transplantes na cidade, o magistrado indiciou neste quinta-feira (27) mais nove anestesistas, neurocirurgiões e clínicos gerais envolvidos no esquema.

As duas mulheres e os sete homens denunciados pelo MP e que irão a julgamento são acusados pela morte de três pessoas em 2001 e pelo tráfico de órgão e tecidos humanos dessas pessoas.

Foram denunciados os médicos João Alberto Góes Brandão, Luiz Antônio Kalil Jorge, Cláudio Rogério Carneiro Fernandes, Jeferson André Saheki Skulshi, José Júlio Balducci, Paulo César Pereira Negrão, Alessandra Angélica Queiroz Araújo e Francisca Raimunda de Souza Barreira.

Esses profissionais são acusados de retirar órgãos e tecidos humanos sem autorização e por dois homicídios qualificados. O atendimento médico às vítimas era negligenciado, causando-lhe a morte, para que os médicos retirassem e vendessem seus órgãos e tecidos para realização de transplantes na cidade, feitos por eles mesmos.

Os crimes desses nove médicos foram cometidos contra uma vítima em janeiro, outra em junho e, a terceira, em dezembro de 2001. Com a aceitação da denúncia pela Justiça, agora, serão marcadas audiências de instrução para que as testemunhas e os réus do processo sejam ouvidos.

A reportagem do UOL não localizou a defesa dos médicos para comentar a decisão da Justiça.

Redução de penas

Nesta terça-feira (26), os médicos João Alberto Goés Brandão e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes (indiciados neste novo processo contra o esquema ilegal), Celso Roberto Frasson Scafi, e Alexandre Crispino Zincone tiveram suas penas reduzidas pelo tribunal.

Zincone foi condenado em primeira instância, em julgamento presidido pelo juiz Narciso de Castro, a 11 anos de prisão. Brandão, Scafi e Fernandes receberam sentenças de oito anos. Os quatro tiveram suas penas reduzidas para cinco anos.

O caso mais emblemático do esquema irregular de transplantes e vendas de órgãos e tecidos em Poços de Caldas, no início da década de 2000, é o do garoto Paulo Pavesi, 10. Ele passou por procedimentos inadequados e teve os seus órgãos removidos, quando ainda estava vivo, para posterior transplante, por meio de diagnóstico forjado de morte encefálica.