Topo

Após verão chuvoso, rio Piracicaba registra pior vazão do ano

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Ribeirão Preto

29/06/2015 17h42

Após um verão com chuvas acima da média, o rio Piracicaba, uma das principais fontes de água do sistema Cantareira, registrou a pior vazão do ano nesse domingo (28): 22,1 metros cúbicos por segundo. O índice está 75% abaixo do esperado para o período e é menor, inclusive, do que os 22,4 metros cúbicos por segundos registrados no mesmo período do ano passado, marca mais baixa em 30 anos. 

A baixa dos rios que formam as bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), mananciais do Cantareira, deve afetar o volume de água armazenado. O Cantareira é responsável pelo abastecimento de 10,6 milhões de pessoas.

De acordo com o especialista em recursos hídricos Antonio Carlos Zuffo, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), é apenas uma questão de tempo até essa baixa vazão se traduzir em queda no total de água armazenada no Cantareira. 

"Por conta das chuvas do verão, existe uma falsa sensação de que está tudo normal, mas não está. Os reservatórios estão secos, vazios”, alerta o especialista, que diz que mesmo com o maior volume de chuvas durante o verão desde 2011, com 748,7 milímetros, ainda há riscos de desabastecimento. 

Nesta segunda-feira, o volume do Cantareira, que opera no volume morto desde julho de 2014, ficou em 19,9%, mesmo índice registrado no domingo. Para que o sistema volte a operar fora do volume morto, esse percentual deve ser de 29,2% , o que significa a reposição de 106 bilhões de litros de água sejam armazenados. Em junho de 2014, o sistema operava com 24,8% de sua capacidade. Os dados são da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

Crise pode ser pior este ano

Para Zuffo, é muito provável que este ano a crise no Estado seja pior do que a do ano passado. Isso porque o nível do Cantareira hoje está bem menor do que no mesmo período de 2014. “Nós devemos entrar agora num período de baixa, não uma seca severa como foi a do ano passado, mas a média deverá diminuir”, completou.

Campinas

A estiagem não afeta apenas o rio Piracicaba. O rio é formado pela junção dos rios Jaguari e Atibaia. Nesses dois mananciais, a situação também é preocupante. No Atibaia, que abastece 95% de Campinas, a vazão foi de 4,2 metros cúbicos por segundo - próximo ao limite de 4 metros por segundo estipulado pelas autoridades hídricas do País que determina que o uso da água para abastecimento seja reduzido em 20%. O normal para o período seria de 7,3 metros cúbicos por segundo.

De acordo com Leandro Santos, diretor do DAE (Departamento de Água e Esgoto de Americana), a situação pode prejudicar, nos próximos meses, o abastecimento da cidade, que capta água do Piracicaba para abastecimento, já foi necessário diminuir o ritmo de captação. "Houve uma melhora na época das chuvas mas, como não temos reservatório, essa melhora não foi permanente. A água baixou, houve diminuição na vazão e estamos enfrentando problemas novamente", disse,

Para Francisco Lahóz, secretário executivo do Consórcio PCJ, entidade que congrega prefeituras, empresas e usuários das bacias dos rios PCJ, a região de Campinas está no limite de restrição hídrica e o período de estiagem exigirá sacrifícios da população. “Atualmente, estamos sobrevivendo com as nascentes e afluentes dos rios da bacia, mas, a nossa lição de casa vai ser ainda mais severa para a estiagem de 2015”, disse Lahóz.