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Ex-assessor de André Vargas é preso na Argentina por roubo

André Alliana (à esquerda) foi assessor do ex-deputado petista André Vargas, preso na Operação Lava Jato - Facebook/Reprodução
André Alliana (à esquerda) foi assessor do ex-deputado petista André Vargas, preso na Operação Lava Jato Imagem: Facebook/Reprodução

Carlos Ohara

Colaboração para o UOL, em Curitiba

28/01/2016 04h55Atualizada em 28/01/2016 14h35

Um brasileiro que foi nomeado como secretário parlamentar na Câmara Federal está preso na Argentina acusado de dois roubos qualificados, com o uso de uma pistola 9mm falsa, praticados contra duas mulheres, sendo uma delas menor de idade. Os crimes ocorreram na cidade de Puerto Iguazu, na fronteira com a cidade brasileira de Foz do Iguaçu, na semana passada.

A polícia argentina investiga a suposta participação do homem em outros roubos com características semelhantes, ocorridos na cidade nos últimos dias.

O acusado, André Roberto Alliana, morador de Foz do Iguaçu, ocupou o cargo de secretário de Comunicação do Partido dos Trabalhadores no Paraná e foi assessor do ex-deputado petista André Vargas, condenado a 14 anos de prisão na operação Lava Jato por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Alliana também foi nomeado no início deste mês para ocupar o cargo de secretário parlamentar, com salário de R$ 2.595, no gabinete do deputado federal Zeca Dirceu (PT), filho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, este também preso na Lava Jato. Sua nomeação foi publicada no boletim administrativo da Câmara Federal no último dia 14.

Em 2014, Alliana havia atuado como um dos coordenadores da campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT), também investigada na Lava Jato, e de Zeca Dirceu na região da fronteira. Anteriormente, o secretário parlamentar fora membro titular do Conselho Nacional do Meio Ambiente e secretário de Meio Ambiente de Foz do Iguaçu entre 2004 e 2006.

De acordo com informações da oficial Viviana Merlo, relações públicas da polícia de Puerto Iguazu, Alliana teria abordado uma jovem na madrugada de quinta-feira (21) na rua e exibindo a pistola e a obrigou a entregar a carteira. Após o roubo, a mulher encontrou um carro da polícia e comunicou o crime, repassando as características físicas do ladrão.

Ao realizarem rondas na cidade, os policiais encontraram o suspeito, que tentou fugir e na perseguição acabou fraturando o fêmur. Com Alliana, os policiais encontraram vários documentos e objetos pertencentes a outras pessoas e a arma falsa.

Após ser atendido em um hospital da cidade, Alliana foi levado para a Unidade Regional 5 da Polícia de Missiones. Uma menor, que havia sido vítima de roubo na madrugada anterior, quarta-feira (20), também reconheceu Alliana em fotografias. A justiça argentina determinou a manutenção da prisão de Alliana durante as investigações de outros dez crimes semelhantes ocorridos na cidade.

Alliana já tem condenações criminais no Paraná e, em 2000, foi alvo de inquérito em Foz do Iguaçu, acusado de estupro de uma mulher.

Outro lado

Apesar de ter sido nomeação para ocupar o cargo de secretário parlamentar de Zeca Dirceu (PT), Alliana não assumiu a função.

De acordo com a assessoria de imprensa do deputado, Alliana foi indicado para o posto, mas a nomeação, que chegou a ser publicada, foi rejeitada após o gabinete do parlamentar "avaliar documentação e histórico".

Segundo nota encaminhada pelo deputado, após a indicação, o funcionário tem prazo de 30 dias --que venceria em 14 de fevereiro-- para tomar posse efetiva no cargo.

A assessoria do deputado confirmou que Alliana atuou na campanha de Zeca Dirceu em 2014, mas afirmou que o deputado não sabia de antecedentes criminais do acusado, que teria trabalhado como "apoiador da campanha, sem qualquer vínculo empregatício".

O UOL entrou em contato com Enrique Alliana, irmão do acusado, mas ele disse desconhecer detalhes da prisão já que não mantém contatos com o irmão há cerca de 10 anos.

Na casa dos pais de Alliana, uma mulher que se identificou como mãe do suspeito e que não revelou seu nome, disse não acreditar nas acusações que pesam contra seu filho. "Não sei, mas pode ser até armação política", disse ela.

Ela informou que o pai do acusado foi para Argentina para contratar um advogado para o filho e que espera a libertação em breve.