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Ato na avenida Paulista reúne 80 mil pessoas, diz organização

Daniela Garcia

Do UOL, em São Paulo

15/03/2017 17h31Atualizada em 15/03/2017 22h28

Movimentos sociais, centrais sindicais e trabalhadores se reuniram nesta quarta-feira (15) na avenida Paulista, em São Paulo, para protestar contra a reforma da Previdência. O ato faz parte do Dia Nacional de Paralisações e Greves, que atingiu 19 Estados do país.

15.mar.2017- O ex-presidente Lula chegou à avenida Paulista, centro de São Paulo, no início da noite desta quarta-feira (15) para participar do protesto contra a reforma da Previdência proposta pelo governo Temer. Lula foi recebido com gritos animados dos manifestantes e grades de ferro foram instaladas para criar uma barreira para que seu carro conseguisse passar pela multidão. O ex-presidente se prepara para discursar  - Alice Vergueiro/ Folhapress - Alice Vergueiro/ Folhapress
O ex-presidente Lula chegou à avenida Paulista para participar de manifestação contra reforma da Previdência
Imagem: Alice Vergueiro/ Folhapress

Segundo a estimativa da organização feita por volta das 18h30, 80 mil pessoas participam do ato na avenida Paulista. A Polícia Militar de São Paulo afirma que não fará a contagem dos manifestantes. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou durante a manifestação. Ele foi saudado com gritos de "ole olê olê olá, Lula, Lula".

A avenida Paulista foi bloqueada nos dois sentidos por volta das 16h20, de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). As ruas que cruzam a avenida estão congestionadas e os carros não conseguem atravessar. O Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, também está interditado por manifestantes em ambos sentidos.

A professora da rede estadual Rosa Maria Moura, 54,é uma das manifestantes. Ela diz que está preocupada com mudanças na aposentadoria. "Eu deveria aposentar daqui a dois anos. E agora está tudo indefinido", afirma.

15.mar.2017 - Eleonora Menicucci, ex-ministra do governo Dilma, participa de manifestação na avenida Paulista nesta quarta-feira. Ela afirma que as mulheres estão sendo "penalizadas" na reforma da Previdência. "Esse é um governo de brancos e ricos, que não ouvem as mulheres. Para o Temer, as mulheres têm que ficar em casa"  - Daniela Garcia/UOL - Daniela Garcia/UOL
Eleonora Menicucci, ex-ministra do governo Dilma, participa de manifestação
Imagem: Daniela Garcia/UOL

Outra manifestante, Maria d'Ajuda, 48, pede a saída de Michel Temer da presidência. Cozinheira, ela está desempregada há um ano. "Eu quase passo fome com meu filho de 7 anos. Esse homem quer acabar com os pobres."

Já o metalúrgico aposentado, Nelson Gonçalves, 68, trouxe uma faixa com uma mensagem contra a reforma da Previdência. "Eu só escrevi sobre os trabalhadores e aposentados. Não cabe nela todo mundo que vai ser prejudicado como os professores, estudantes."

Eleonora Menicucci, ex-ministra do governo Dilma, também está na av.Paulista para se manifestar. Ela afirma que as mulheres estão sendo "penalizadas" na reforma da Previdência. "Esse é um governo de brancos e ricos, que não ouvem as mulheres. Para o Temer, as mulheres têm que ficar em casa." A petista diz que a proposta de reforma não leva em conta a dupla jornada enfrentada pelas mulheres. "É um absurdo que as mulheres passem a se aposentar com 65. Nós ainda estamos na situação de cuidadoras da sociedade."

15.mar.2017 - metalúrgico aposentado, Nelson Gonçalves, 68, trouxe uma faixa com uma mensagem contra a reforma da Previdência. "Eu só escrevi sobre os trabalhadores e aposentados. Não cabe nela todo mundo que vai ser prejudicado como os professores, estudantes." - Daniela Garcia/UOL - Daniela Garcia/UOL
O metalúrgico aposentado, Nelson Gonçalves, leva faixa com mensagem contra a reforma
Imagem: Daniela Garcia/UOL

A manifestação é organizada pela CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Frente Brasil Popular e Frente Brasil Sem Medo. Em rede social, a CUT informa que "os movimentos populares, sociais e sindicais têm causas diferentes, mas estão unidos contra retrocessos na democracia". Sindmotoristas também está presente, assim como professores de diferentes cidades paulistas.

Professores estaduais anunciam greve

Os professores da rede estadual de São Paulo afirmaram que entrarão em greve entre os dias 28 e 30 de março, o anúncio foi feito durante a manifestação na praça da República contra as reformas da Previdência trabalhista. No dia 31 de março, a categoria promete se reunir em uma assembleia para determinar se a paralisação será mantida ou não. De acordo com a Apeoesp, sindicato dos professores, a principal reivindicação é o reajuste salarial.

"Não aceitaremos a reforma da Previdência e a reforma do ensino médio imposta pelo governo golpista, nem o desmonte feito pelo governo Alckmin na educação de São Paulo", disse Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp.

Segundo o sindicato, mais de 70% dos professores estaduais aderiram à paralisação nacional desta quarta. Já a Secretaria da Educação afirma que apenas 3% da rede na capital foi afetada com a greve e que as aulas serão respostas.

Ônibus têm rotas alteradas

A SPTrans informa que 28 linhas de ônibus terão desvios em seus trajetos nesta quarta-feira (15), das 14h às 22h, em razão do bloqueio da avenida Paulista nas proximidades do Masp. A maior parte dos ônibus vai seguir caminhos alternativos pela alameda Santos e rua São Carlos do Pinhal, que são paralelas à avenida Paulista.

As medidas estão sujeitas a alterações conforme a necessidade de novos bloqueios. A relação das 28 linhas com trajeto alterado pode ser consultada aqui. A SPTrans informa, ainda, que técnicos e equipes de fiscalização da empresa estarão na região orientando os passageiros. Nesta tarde, está prevista uma manifestação no vão livre do Masp, que deve reunir trabalhadores de várias categorias que aderiram ao Dia Nacional de Lutas Contra a Reforma da Previdência. 

Reforma da Previdência

Em discurso hoje, Temer defendeu a reforma da Previdência proposta por seu governo. "Nós apresentamos, convenhamos, um caminho para salvar a Previdência do colapso, para salvar os benefícios dos aposentados de hoje e dos jovens que se aposentarão amanhã. Isso, meus amigos, parece ser coisa 'será que é para tirar direitos de pessoas?'. Em primeiro lugar, não vai tirar direito de ninguém. Quem tem direito já adquirido, ainda que esteja no trabalho não vai perder nada do que tem", disse.

*Com informações da Agência Estado