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Pará vai construir quatro hospitais de campanha e anuncia pacote econômico

10.abr.2019 - O governador do Pará, Helder Barbalho -  Marcos Corrêa/PR
10.abr.2019 - O governador do Pará, Helder Barbalho Imagem: Marcos Corrêa/PR

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Belém

25/03/2020 17h38

O governo do Pará vai construir quatro hospitais de campanha em regiões distintas do estado, em 20 dias. Além disso, como forma de enfrentamento à pandemia do coronavírus, o governador Hélder Barbalho anunciou um pacote econômico que inclui apoio a empreendedores, trabalhadores informais e empresas prestadoras de serviço.

Os hospitais, destinados apenas a pacientes com sintomas de covid-19, terão capacidade para 720 leitos, distribuídos entre a capital, Belém, e os municípios de Marabá, Santarém e Breves, no Marajó. As estruturas devem começar a ser erguidas na semana que vem. "Esses hospitais são assemelhados aos que estão sendo construídos nos estádios do Pacaembu e Anhembi, em São Paulo", explicou Barbalho. Os leitos são de baixa complexidade, com objetivo de desafogar os hospitais, segundo o governador.

O estado também comprou 15 mil tratamentos de hidroxicloroquina com azitromicina, para os casos graves que possam surgir, já que o tratamento é experimental.

Ontem, logo após o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, o governador paraense foi às redes sociais reforçar o pedido para que a população fique em casa. Usando gráficos explicativos, ele mostrou o que aconteceria se houvesse avanço rápido da doença no estado. "Se mil pessoas se infectarem e 1% delas precisar de hospital, serão 10 pessoas; se 50 mil pessoas se infectarem, precisarão de hospital, 500 pessoas. O aumento rápido de pessoas contaminadas, ao mesmo tempo, pode causar sobrecarga e ultrapassar a capacidade que nós possuímos aqui no Pará. Com os hospitais superlotados fico imaginando vocês terem que decidir quem vive e quem morre", desabafou.

Pacote econômico

Na manhã de hoje, Hélder Barbalho, em uma coletiva com a cúpula econômica do Estado, anunciou um pacote com três medidas para ajudar as empresas e evitar o desemprego.

A primeira é o programa Fundo Esperança, disponibilizando recurso de R$ 100 milhões, destinado a empréstimos a juros baixos tanto para pessoas jurídicas, como pessoas físicas. O limite é de até R$ 15 mil, que pode ser pago em 36 parcelas, com carência de 90 dias, a, 0,2% de juros ao mês. "O nosso olhar é muito focado nas micro e pequenas empresas; como também nos colaboradores que trabalham com seu suor, só com seu CPF, que vão à lida para garantir a sua renda. Esse segmento é o que mais gera emprego no estado", justificou o governador.

O Sebrae, que é parceiro do governo no fundo, vai operacionalizá-lo todo online. "A seleção dos interessados é feita pelo site e num dado momento o Sebrae, através de seus técnicos, liga para esses empreendedores que se cadastraram e começa a fazer a filtragem. Então fazemos um próximo contato, fazem o o filtro, trabalhamos os que forem elegíveis, o plano de ação e, em seguida, é feita a análise de crédito para posterior pagamento", explicou o diretor-superintendente do Sebrae, Rubens Magno.

Ele reforça ainda a importância da medida, já que os pequenos negócios representam 99.6% das empresas paraenses, principalmente nos setores comércio e serviços. "Já temos mais de vinte mil acessos de pessoas que estão buscando esse fundo. O que nós queremos é mostrar para o empreendedor que o governo, a secretaria de desenvolvimento econômico e de mineração, o Sebrae e o Banco do Estado do Pará estão preocupados com a saúde econômica dos empreendedores de forma geral, mas principalmente com a dos microempreendedores porque fazem parte da base da economia do Pará e do Brasil", disse Magno.

A segunda ação do programa econômico é destinada aos micro e pequenos empresários, para garantir a folha de pagamento ou antecipação de férias de funcionários e evitar o desemprego. Eles poderão emprestar até 50 mil reais, a juros de 1%, com carência de 60 dias para pagar. A terceira é o adiantamento de 50% dos valores de contratos de empresas prestadoras de serviço do Governo, para garantir que as obras e serviços não parem durante a crise.

Essas duas últimas medidas serão gerenciadas pelo Banco do Estado do Pará e começam a valer amanhã. "Não vamos começar essa medida ainda hoje porque adiantamos o pagamento dos servidores públicos para hoje, mas a partir desta quinta elas estarão disponíveis no Banpará", explicou Braselino Assunção, presidente do banco.

Antecipação à epidemia

Hélder Barbalho começou a desenhar o plano de prevenção à doença no final de janeiro, antes de o Pará ou mesmo o Brasil ter algum caso confirmado da doença. Hoje, são sete casos confirmados, todos sem transmissão comunitária e todos em isolamento domiciliar, com quadro estável. Todos tiveram passagens por cidades onde há mais casos da doença, como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Entre as medidas preventivas já estão a proibição de transporte coletivo rodoviário e fluvial intermunicipal, fechamento dos salões de restaurantes, que passaram a funcionar apenas com sistema de delivery; fechamento de bares, casas de shows proibição de qualquer evento de aglomeração de pessoas no estado, incluindo o campeonato local de futebol.

As ações também incluíram o acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social, moradores de rua, no Estádio Mangueirão, com fornecimento de estrutura de alojamento, higiene, alimentação e atendimento médico.

Outra iniciativa foi o pedido de ajuda direta à China—após crise diplomática criada por Eduardo Bolsonaro— para aquisição de insumos hospitalares, entre outras medidas. Pedido que foi respondido ontem pelo embaixador daquele país, solicitando levantamento de tipos e quantidades de insumos requeridos para a possibilidade de ajuda.