'Pessoas falavam que eu ia morrer', diz mulher agredida por Brennand em SP

Às vésperas de participar virtualmente da audiência de julgamento e instrução de Thiago Brennand, a empresária e modelo Helena Gomes, agredida por ele em uma academia de São Paulo, diz ter ouvido de amigos e pessoas desconhecidas que "iria morrer", após tê-lo denunciado por violência.

Horas antes de se reunir com seus advogados para receber orientações sobre a audiência, Helena falou com o UOL sobre as dificuldades que enfrentou desde que se tornou pública a agressão que sofreu, em agosto do ano passado — foi o primeiro caso envolvendo Brennand a ter ampla repercussão.

Por meses, escutei pessoas falando que eu ia morrer. Todos os dias acreditava que ele ia mandar me matar. Às vezes eu chegava para almoçar e ouvia 'você vai morrer'.
Helena Gomes, empresária e modelo

"Tirou minha vida do eixo"

"Meu trabalho foi por água abaixo por um tempo, agora está voltando", declara. A exposição e a denúncia impactaram vida da vítima. "Me prejudicou muito no trabalho, no convívio, me causou um desgaste físico e mental absurdo. Isso me tirou do eixo."

Helena diz se sentir "tranquila" para ser ouvida pela Justiça de São Paulo. A audiência está prevista para acontecer amanhã, às 13h30, no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, e será virtual, segundo o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).

"Tudo o que falei foi com verdade e precisão." A empresária completa: "Estou mais do que preparada para falar com o juiz sobre isso". Há quase um ano, câmeras de uma academia na capital paulista registraram o momento em que Brennand a agrediu e outras mulheres tentaram defendê-la.

"Não estou ansiosa. Na verdade, estou anestesiada porque estou cansada demais. Tudo foi tão desgastante que fiquei muito cansada. Mas, sei que estou do lado correto."
Helena Gomes

As duas audiências das quais Brennand participou anteriormente ainda não foram concluídas. Ele está preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros.

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Outro lado: procurada pela reportagem, a defesa de Brennand afirmou que não comentará o caso.

Como é a relação com outras vítimas

Assistir às audiências de outras mulheres foi o "início de uma missão cumprida". Helena conta ter mantido contato com outras vítimas de Brennand após a repercussão do caso. "Sei que foi bem emocionante para as vítimas e os familiares", comenta.

Justiça está sendo feita, ressalta. "É a justiça que todo mundo disse que não iria acontecer, e desde o primeiro momento eu falei que aconteceria."

"As pessoas não têm noção do quanto isso é desgastante fisicamente", enfatiza. A empresária afirma que cada uma das mulheres que acusam Brennand vive um momento diferente desde que as audiências começaram.

Diferença do caso de Helena para o de outras mulheres. O contato da empresária com o agressor ocorreu apenas na academia e em mensagens trocadas por WhatsApp. Outras vítimas que denunciaram tiveram um relacionamento com Brennand, observa Helena.

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O meu emocional está mais conectado com as vítimas do que com ele. Com as vítimas, eu tive um contato emocional. Penso que ele é uma pessoa infeliz.

A partir do momento que elas falam, começam a se sentir aliviadas. As que não falaram ainda precisam de mais atenção.
Helena Gomes

"Silencio das pessoas ao redor ajudam agressor"

Pessoas que sabiam dos abusos ficaram caladas, lamenta. Helena diz que uma das maiores dificuldades foi ver que permaneceram em silêncio pessoas que teriam, segundo ela, conhecimento dos abusos e violências atribuídos a Brennand.

Sem citar nomes, Helena diz que gente do convívio do acusado já teriam presenciado atos criminosos. "Pessoas que sabiam de tudo e não falam por medo e por covardia. Não sei se os homens e a sociedade entendem o que é uma mulher agredida física ou sexualmente."

Ela afirma que outras mulheres tentaram denunciá-lo anteriormente e não obtiveram ajuda. "Pessoas do entorno que se silenciam ajudam o agressor. Se todas as pessoas que sabem de tudo falassem, não teria como esse homem chegar onde ele chegou. Isso me tirou a vida do eixo."

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Foi difícil perceber a quantidade de pessoas com notícias na mão, que assistiram a meninas agredidas e não falaram, assistir a covardia ou o medo diante de uma situação assim."
Helena Gomes

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