Guarujá: 'Policial pegou teu marido e deram 3 tiros', disse vizinho a viúva
Um vizinho do comerciante Filipe do Nascimento, 22, disse ter ouvido o momento em que o jovem teria sido morto por policiais no Guarujá, no dia 31 de julho. As informações são do Fantástico.
O que aconteceu
A viúva de Filipe, que preferiu não se identificar, afirmou ter ouvido de um vizinho: "Eu vi quando o policial pegou teu marido, jogou lá dentro da casa e lá deram três tiros".
Ela relatou que o marido não saiu armado nem tinha uma arma. O comerciante foi ao mercado de bicicleta e não voltou mais.
"Eu vi um policial pegando a bicicleta e jogou dentro do mangue. Eu falei: 'Policial, essa bicicleta é minha'. A gente era pobre, mas não era traficante. A gente não era ladrão. A gente não era assassino", contou a viúva.
A SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou hoje que Filipe não tinha antecedentes criminais. Segundo o dono do quiosque onde ele trabalhou, Filipe sonhava em ser influenciador digital.
Após a morte dele, a viúva se mudou de estado. Ao UOL, ela contou ter ouvido os disparos e saiu de casa com os filhos, de 2 e 7 anos.
A mulher afirmou que viu dois corpos perto de sua casa e perguntou aos PMs se Filipe estava entre os mortos. Ela disse que chegou a mostrar fotos do marido para os policiais, que teriam respondido que não era ele.
A Operação Escudo, em resposta ao assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), causou 16 mortes e já é a mais letal de SP desde 2006, segundo o Estadão. Ontem, a operação havia resultado em 160 prisões, segundo a SSP. A ação foi deflagrada em 28 de julho, pelo governador Tarcísio de Freitas.
'Não me mata'
Outra suspeita de assassinato por PMs no Guarujá envolve o vendedor ambulante Felipe Vieira Nunes, 30. Segundo uma testemunha ouvida pelo Fantástico, os policiais teriam feito uma encenação no dia 28 de julho.
Eles falavam: 'Solta a arma, solta a arma'. E o Felipe respondia: 'Mas eu não tenho arma. Senhor, eu não estou armado'. Depois disso, a população começou a ouvir ele pedindo socorro. 'Pelo amor de Deus, não me mata'. Ele foi executado com nove tiros.
A SSP disse que as mortes resultantes de ações policiais estão sendo investigadas.
Relatos de medo
Ele [policial] chamou minha filha de vagabunda. Não é o jeito de ele falar com uma criança, uma adolescente. Ele falou que, para dar um tiro na nossa cara, para eles, não dá nada.
Moradora em relato ao Fantástico
A polícia te pergunta se você tem passagem. Se você tiver, é esculacho. Eu vi tanta gente apanhando aqui na comunidade. Eu não sou criminoso, eu não sou bandido para andar com medo na comunidade onde eu vivo.
Morador em relato ao Fantástico
Ninguém está aguentando mais essa opressão desses policiais. Já entraram três vezes na minha casa com os meus filhos pequenos."
Moradora em relato ao Fantástico
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