Chanceler sírio diz que parte das tropas de Assad foram retiradas de Homs

O ministro de Relações Exteriores da Síria, Walid al Mualem, anunciou nesta terça-feira (10) que parte das tropas do regime de Bashar al Assad foram retiradas da cidade de Homs, considerado o principal reduto opositor no país árabe.

Mualem disse ao chanceler russo, Sergei Lavrov, que "uma parte das forças governamentais deixou Homs e foi transferida a seu local habitual".

O anúncio foi confirmado por um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Síria, que diz que "durante as negociações (dos chefes da diplomacia de ambos os países), o ministro sírio transmitiu a Moscou informações oficiais que acabava de receber de Damasco, segundo as quais uma parte das tropas governamentais em Homs regressou aos seus quartéis".

Em resposta, "a parte russa elogiou as medidas do governo da Síria e pediu a Damasco para dar novos passos em cumprimento ao plano de paz do mediador internacional Kofi Annan", acrescenta a nota.

Após as consultas com seu colega russo, Moualem afirmou em entrevista coletiva que o governo de Damasco já havia retirado "algumas unidades militares de províncias sírias".

Ao mesmo tempo, denunciou que este processo de recuo militar é acompanhado do "constante aumento da atividade de grupos armados" em distintas regiões do país.

Outro lado

Pouco antes, o coronel Qassem Saad al Deen, do opositor Exército Livre Sírio (ELS), havia afirmado que a organização armada pode “atacar o regime sírio em 48 horas de uma forma como nunca fizemos antes” se as forças pró-ditador Bashar al Assad não suspenderem as hostilidades.

Anteriormente, Saad al Deen havia afirmado que a oposição está comprometida com o cessar-fogo, mas apenas se as tropas sírias fizerem o mesmo. Segundo ele, os rebeldes continuarão lutando se Assad não retirar suas tropas e tanques das cidades até quinta.

O plano de paz estipula o fim da violência por parte de todos os envolvidos, a retirada das forças armadas das cidades e o restabelecimento da autoridade do Estado em todo o território. Tanto o regime sírio como o ELS têm até hoje para aplicar essa iniciativa e retirar as tropas das cidades, e até o dia 12 para pôr fim de forma definitiva às hostilidades.

Mentiras e mortes

O número dois do ELS, Malek Kurdi, negou hoje que o regime esteja retirando suas tropas das cidades e assegurou que a única ação empreendida foi mudar de lugar os tanques em algumas localidades.

“O Exército nem recuou nem vai recuar suas tropas. Conhecemos suas mentiras à comunidade internacional. Ele continua com seus massacres, detenções e ataques a cidades”, denunciou Kurdi.

Segundo a rede opositora Comitês de Coordenação Local, nesta terça morreram pelo menos 45 pessoas, a maioria delas crianças e mulheres. Destas baixas, 25 ocorreram durante bombardeios do regime no bastião opositor de Homs, no centro do país.

Também houve mortes nas províncias de Idleb (norte), Hama (centro), Deraa (sul), Dir Zur (leste) e na periferia de Damasco.

Os Comitês acrescentaram que no município de Marea, na província nortista de Aleppo, soldados de segurança e atiradores invadiram a cidade, saquearam e destruíram várias casas, além de prender um número indeterminado de moradores.

As autoridades sírias por enquanto não confirmaram as informações.