Autoridade Palestina comemora "isolamento" de Israel em fórum em Porto Alegre
O secretário de Relações Internacionais da Fatah, Nabil Shaath, disse, na tarde desta sexta-feira (30), em Porto Alegre, que a resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a Palestina aprovada ontem é o "primeiro passo" para uma campanha internacional para pressionar Israel a interromper o processo de invasão e ocupação da Cisjordânia. Shaath está na cidade como representante oficial da Autoridade Nacional Palestina para participar do primeiro FSPL (Fórum Social Palestina Livre), realizado na cidade.
Shaath comemorou o que classificou como "isolamento" dos Estados Unidos e Israel nas Nações Unidas. "Foi uma vitória importantíssima, pois apenas o Canadá deu um apoio importante à posição racista das duas potências atômicas", disse o representante palestino. Os outros votos contrários ao status de observador determinado pela ONU, segundo ele, são de países "vassalos do colonialismo" norte-americano.
Shaath defendeu a existência de dois estados laicos na região --um judeu, outro palestino-- e o fim dos assentamentos ilegais na Cisjordânia. Segundo ele, a ofensivas militares israelenses reduziram o território palestino a 10% do seu traçado original.
O representante da Autoridade Palestina reconheceu, entretanto, que a resolução tem "limitações importantes" e que sua adoção vai gerar mais um efeito simbólico do que prático, em curto prazo. Segundo Shaath, é importante neste momento garantir a unidade das organizações que lutam pela criação de um estado palestino para aumentar a pressão sobre Israel.
"Só uma campanha internacional de massa é capaz de frear o avanço racista de Israel. Demos apenas o primeiro passo para obter isso", disse ao UOL. O fórum, que termina neste sábado (1º), reuniu milhares de participantes na capital gaúcha durante três dias.
Antes de participar do FSPL, Shaath foi recebido pelo governador Tarso Genro e depois visitou a Assembleia Legislativa gaúcha. O encontro com o governador, que durou cerca de 30 minutos, não estava previsto na agenda oficial e teve de ser improvisado pelo cerimonial do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.
Longo prazo
O pacifista Jamal Jouma, coordenador do movimento Stop The Wall e que também está em Porto Alegre participando do FSPL, disse que a resolução aprovada pela ONU é um avanço, mas que os efeitos da decisão somente poderão ser sentidos em longo prazo. Ele se mostrou cauteloso com a dimensão da resolução.
"Não esperamos que isso signifique uma declaração de paz para amanhã ou depois. O problema é a ocupação [por parte de Israel]. Esse é o maior dos problemas", disse Jouma ao UOL.
Ele lembrou que o acordo de Oslo, determinando a retirada de Israel do sul do Líbano e esforços de paz entre judeus e palestinos, não mudou o cenário de conflitos na região nas últimas décadas. O acordo foi assinado em 1995 pelo então presidente israelense Ytzhak Rabin e pelo líder da OLP (Organização para Libertação da Palestina), Yasser Arafat, com a chancela do ex-presidente americano Bill Clinton.
"O acordo vai fazer 20 anos e nada mudou, pelo contrário. Houve novas invasões e mais violência nas áreas ocupadas", avaliou. Jouma, entretanto, reconheceu que a decisão da ONU pode ser importante para o acesso da Autoridade Palestina à corte criminal das Nações Unidas.
Jouma também ironizou o anúncio de um possível boicote por parte dos Estados Unidos à Palestina, a partir da obtenção do status de observador junto às Nações Unidas. "Que ajuda vão deixar de nos dar? Os Estados Unidos sempre sustentaram Israel de forma colonialista, por isso não faz o menor sentido propor um bloqueio", disse.
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