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Arquidiocese de São Paulo diz 'nunca ter ouvido falar' de novo papa

Gil Alessi

Do UOL, em São Paulo

13/03/2013 17h37

O bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo dom Edmar Perón se mostrou "surpreso" com a escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, 76, como o novo papa. Ele será chamado de Francisco 1º.

"Nós nunca tínhamos ouvido falar no cardeal Bergoglio, mas a escolha do nome, Francisco, e seu modo de agir nos dão a impressão de que é um homem simples, voltado aos valores primordiais da igreja", afirmou durante entrevista nesta quarta-feira, (13) na Cúria Metropolitana, em Higienópolis, região central de São Paulo.

Dom Perón também disse que dom Odilo Scherer, antes de partir para o conclave, reuniu família e assistentes para pedir para que não torcessem por ele nem ficassem ansiosos. "Claro que os católicos brasileiros tinham esse sonho, do papa nascido aqui, mas estamos muito alegres com a escolha de um papa que não é europeu."

Quanto à linha que seguirá o novo pontificado, Perón afirma que é preciso aguardar a carta pastoral que será lida na missa de inauguração do papado. "Mas, até aqui, temos a impressão de que ele é uma pessoa próxima do povo. O fato de ele chegar só de batina na sacada para falar com fiéis na praça São Pedro chamou a minha atenção para a simplicidade e a busca do essencial na vida da igreja."

Nesta quinta (14), ao meio-dia, será realizada uma missa na Catedral da Sé, região central de São Paulo, em homenagem ao novo papa, Francisco 1º.

Conservador

Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e pela batalha contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um intenso defensor da ajuda aos pobres. O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado.

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Bergoglio é considerado um ortodoxo conservador em assuntos relacionados à sexualidade, se opondo firmemente contra o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o uso de métodos contraceptivos.

Em 2010, entrou em controvérsia pública com a presidente Cristina Kirchener ao afirmar que a adoção feita por casais gays provocaria discriminação contra as crianças.

Em seu primeiro discurso, feito logo após o anúncio de seu nome, Francisco 1º agredeceu ao acolhimento da comunidade de Roma e lembrou do papa emérito Bento 16, seu antecessor.

Novo papa nasceu em Buenos Aires

Primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica, Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, em 17 de dezembro de 1936.

Foi ordenado sacerdote em 13 de setembro de 1969 e nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires pelo papa João Paulo 2º em 20 de maio de 1992. No mesmo ano, ele foi confirmado como bispo titular da capital argentina, em 27 de junho.

A nomeação como arcebispo também foi feita por João Paulo 2º em 3 de junho de 1997. Chegou ao posto de cardeal pelas mãos do mesmo papa em 21 de fevereiro de 2001.

Bergoglio é o 266ª papa da história da Igreja Católica. Filho de um casal de italianos --Mario e Regina Bergoglio--, o religioso jesuíta chegou a se formar como técnico químico, mas logo abraçou o sacerdócio e começou seus estudos religiosos no seminário de Villa Devoto, bairro da capital argentina.

Estudou na faculdade de teologia do colégio de San José, em San Miguel de Tucumán, cidade no norte da Argentina.

Seu sacerdócio começou em 1969, mesmo ano em que foi para Espanha completar sua formação intelectual de jovem sacerdote na Universidade Alcalá de Henares, em Madri. A partir de seu retorno à Argentina, em 1972, continuou sua carreira apostólica no norte do país, na mesma San Miguel de Tucumán.

Bergoglio retornou a Europa em 1986, na Alemanha, para concluir seu doutorado, mas acabou retornando ao seu país no mesmo ano para assumir o cargo de diretor espiritual e confessor da Companhia de Jesus, em Córdoba.

Seu retorno à cidade natal aconteceu em 1992, quando foi nomeado por João Paulo 2º bispo de Auca e auxiliar de Buenos Aires.