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Vizinhos relatam comportamento estranho na casa de sequestradas nos EUA

Do UOL, em São Paulo

07/05/2013 19h39

Vizinhos da casa onde três mulheres foram resgatadas nesta segunda-feira (6), depois de serem sequestradas e mantidas presas por dez anos, em Cleveland, Ohio (EUA), já desconfiavam da rotina da casa.

Em duas ocasiões, eles chamaram a polícia por ouvir gritos e ver uma mulher andando nua no quintal da residência que vivia coberto. A casa é de Ariel Castro, 52, um motorista de ônibus escolar de origem porto-riquenha. Ele e seus dois irmãos, Onil e Pedro, com 50 e 54 anos, foram presos suspeitos de manter o cativeiro.

Nina Samoylicz, que mora nas proximidades da casa de Ariel Castro, disse à CNN que chamou a polícia há dois anos, depois de ver uma mulher nua andando no quintal da casa de Castro. Ao chamar por ela, disse que um homem mandou a mulher entrar e correu.

"Ela estava apenas andando e nua", disse Samoylicz. "Primeiro achamos engraçado, mas depois estranhamos e chamamos a polícia. Eles [os policiais] acharam que estávamos brincando, não acreditaram em nós”.

A vizinha disse também ter visto lonas cobrindo o quintal.

Israel Lugo, outro vizinho da casa, disse que sua irmã não gostava do clima da casa e uma vez chegou a lhe pedir que não deixasse seus filhos brincarem nas proximidades sem supervisão. A desconfiança aumentou depois de ouvir gritos no local em novembro de 2011. Na ocasião, ela chamou a polícia, que ao tocar na casa e não ter resposta, deixou o local.

A própria polícia de Cleveland disse nesta terça-feira (7) ter ido à casa de Castro duas vezes na última década: em 2001 e 2004. Mas em nenhuma das ocasiões colheu indícios de que mulheres estivessem sendo mantidas presas no local.

Sequestrada liga para polícia

Em entrevista coletiva hoje, a polícia e os investigadores disseram que estão começando a desvendar lentamente os acontecimentos que levaram à fuga das mulheres depois de uma delas, Amanda Berry, arrombar a portar da frente da casa de Seymour Avenue e sair com ajuda do vizinho Charles Ramsey que ouviu seus pedidos de socorro, enquanto Castro estava ausente.

"Me ajuda! Sou Amanda Berry... Fui sequestrada e estou desaparecida há dez anos. E estou aqui, estou livre agora", disse Berry, 26, em telefonema ao serviço de emergência dos EUA. A gravação foi liberada pela polícia e divulgada na internet.

Ramsey disse a jornalistas que Castro era conhecido por 'nada excepcional até hoje' e disse que já havia participado de um churrasco na casa dele, embora não tivesse entrado na casa.

"Nós vemos esse cara todos os dias. Estive aqui [na casa] há um ano. Eu fiz churrasco com esse cara. Nós comemos costelas e ouvimos salsa", disse Ramsey.

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Berry havia sido vista pela última vez deixando seu emprego em uma lanchonete, na véspera de completar 17 anos, em abril de 2003. As duas mulheres encontradas com ela foram identificadas pelas autoridades como Gina de Jesus, 23, que desapareceu no trajeto da escola para casa, em 2004, aos 14 anos, e Michelle Knight, que tinha 18 ou 19 anos ao desaparecer em 2002.

Segundo a polícia de Cleveland, uma menina de seis anos resgatada da casa é filha de Amanda Berry com um dos sequestradores.

Gerald Maloney, um médico que atendeu as três mulheres, afirmou que elas estão bem, mas continuam sendo examinadas. "Este não é o final que normalmente escutamos neste tipo de história. E estamos muito felizes por elas", disse ele aos jornalistas.

O prefeito de Cleveland, Frank Jackson, ficou "agradecido pelo fato de estas três jovens estarem com vida". "Temos muitas perguntas sem resposta sobre este caso, e a investigação continua", afirmou ele em um comunicado.

O agente do FBI -- polícia federal dos EUA-- Stephen Anthony disse nesta terça-feira que o "pesadelo acabou".

"Tenha certeza de que o FBI vai usar todos os recursos para trazer o peso da Justiça para os responsáveis por este caso horrível", disse ele. "Para a família de Amanda, de Gina, de Michelle, as orações foram finalmente respondidas. O pesadelo finalmente acabou ... A cura pode finalmente começar.", disse.

O cativeiro fica próximo dos lugares onde as moças foram vistas pela última vez, e a polícia acredita que elas passaram o tempo todo dentro da casa. As circunstâncias dos aparentes sequestros e cativeiros continuam obscuras.

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Suspeito seria 'amigável'

Charliez Czorb, vizinha do suposto sequestrador, se disse surpresa com o tempo que as três jovens passaram no cativeiro sem que ninguém percebesse. "Estavam no nosso quintal. Estas meninas estavam presas em nosso quintal".

Ariel Castro foi descrito pelos vizinhos como um amigável motorista de ônibus e músico. Também afirmaram que geralmente deixavam as filhas brincar com seus netos. (Com Toronto Sun, CNN e agências Internacionais)