Topo

Homem acusado de sequestrar mulheres nos EUA é avô, gosta de motos e toca baixo

Do UOL, em São Paulo

07/05/2013 15h47Atualizada em 07/05/2013 19h10

Um dos homens presos acusado de sequestrar três mulheres e mantê-las em cativeiro por vários anos ama motocicletas, tocar baixo e, recentemente, tornou-se avô pela quinta vez, de acordo com seu perfil no Facebook. Ele é Ariel Castro, 52, motorista de ônibus escolar em Cleveland, cidade do Estado americano de Ohio.

As três mulheres desaparecidas há dez anos foram resgatadas nesta segunda-feira (6), e Castro e seus dois irmãos, com idades entre 50 e 54 anos, foram presos suspeitos de manter o cativeiro.

Por uma rede social, Castro parabeniza a mulher que deu à luz ao seu mais novo neto.

"Parabéns ao minha Rosie Arlene, desejo-lhe uma rápida recuperação. Ela deu à luz um menino maravilhoso. Isso me fez vovô pela quinta vez”, diz em um comentário postado em 11 de abril no que acredita-se ser o perfil de Ariel Castro.

O gosto pelas motocicletas ele expressou no post: "Foi um barulho bom que acabou de passar na frente da minha casa, me faz querer pular, sair e montar! Lol", diz um comentário no dia 1º de maio. 

Na única foto da rede social, Castro aparenta estar muito mais jovem do que na imagem acima apresentada nesta terça-feira (7) pela polícia de Cleveland ao ser detido junto com seus irmãos. Ainda no site, ele diz que  trabalha no Grupo Fuego, banda latina de 14 anos de formação que negou a informação em sua página no Facebook, dizendo que Castro apenas fez algumas apresentações com os músicos.

Ainda no dia 1º escreveu seu último post: 

"Os milagres realmente acontecem, Deus é bom :)".

Segundo a polícia, Ariel é o único dos irmãos que vive na casa onde as mulheres foram encontradas. Os irmãos vivem em outra parte da cidade.

Julio Castro, tio dos irmãos, disse à CNN que sua família cresceu no mesmo bairro em Cleveland e conhecia a família DeJesus. Segundo ele, a família foi ‘surpreendida’ com a notícia.

“Que vergonha”, respondeu quando questionado sobre o que diria a seus sobrinhos.

Sequestrada liga para polícia

Em entrevista coletiva hoje, a polícia e os investigadores disseram que estão começando a desvendar lentamente os acontecimentos que levaram à fuga das mulheres depois de uma delas, Amanda Berry, arrombar a portar da frente da casa de Seymour Avenue e sair com ajuda do vizinho Charles Ramsey que ouviu seus pedidos de socorro, enquanto Castro estava ausente.

"Me ajuda! Sou Amanda Berry... Fui sequestrada e estou desaparecida há dez anos. E estou aqui, estou livre agora", disse Berry, 26, em telefonema ao serviço de emergência dos EUA. A gravação foi liberada pela polícia e divulgada na internet.

Ramsey disse a jornalistas que Castro era conhecido por 'nada excepcional até hoje' e disse que já havia participado de um churrasco na casa dele, embora não tivesse entrado na casa.

"Nós vemos esse cara todos os dias. Estive aqui [na casa] há um ano. Eu fiz churrasco com esse cara. Nós comemos costelas e ouvimos salsa", disse Ramsey.

Polícia divulga áudio de ligação de sequestrada após fuga

Berry havia sido vista pela última vez deixando seu emprego em uma lanchonete, na véspera de completar 17 anos, em abril de 2003. As duas mulheres encontradas com ela foram identificadas pelas autoridades como Gina de Jesus, 23, que desapareceu no trajeto da escola para casa, em 2004, aos 14 anos, e Michelle Knight, que tinha 18 ou 19 anos ao desaparecer em 2002.

Segundo a polícia de Cleveland, uma menina de seis anos resgatada da casa é filha de Amanda Berry com um dos sequestradores.

Gerald Maloney, um médico que atendeu as três mulheres, afirmou que elas estão bem, mas continuam sendo examinadas. "Este não é o final que normalmente escutamos neste tipo de história. E estamos muito felizes por elas", disse ele aos jornalistas.

O prefeito de Cleveland, Frank Jackson, ficou "agradecido pelo fato de estas três jovens estarem com vida". "Temos muitas perguntas sem resposta sobre este caso, e a investigação continua", afirmou ele em um comunicado.

O agente do FBI -- polícia federal dos EUA-- Stephen Anthony disse nesta terça-feira que o "pesadelo acabou".

"Tenha certeza de que o FBI vai usar todos os recursos para trazer o peso da Justiça para os responsáveis por este caso horrível", disse ele. "Para a família de Amanda, de Gina, de Michelle, as orações foram finalmente respondidas. O pesadelo finalmente acabou ... A cura pode finalmente começar.", disse.

O cativeiro fica próximo dos lugares onde as moças foram vistas pela última vez, e a polícia acredita que elas passaram o tempo todo dentro da casa. As circunstâncias dos aparentes sequestros e cativeiros continuam obscuras.

Vizinho conta como encontrou desaparecidas nos EUA

Durante a ligação para o serviço de emergência, Berry citou o nome do suposto sequestrador, disse que ele havia saído de casa e pediu à polícia que aparecesse logo, antes que o homem voltasse. Ela deu a entender que sabia da repercussão na mídia que seu desaparecimento teve anos atrás.

O vizinho que a ajudou, Charles Ramsey, disse que auxiliou Berry a arrombar a porta e que ela saiu da casa com "uma menininha". As autoridades, porém, não deram informações sobre a criança.

Tampouco há informações sobre uma quarta menina desaparecida, Ashley Summers, que sumiu no mesmo bairro em julho de 2007, aos 14 anos, num caso investigado por suas possíveis ligações com os de Berry e De Jesus, segundo o site do Projeto Charley, que documenta mais de 9.000 casos de pessoas desaparecidas.

Segundo Martin Flask, Diretor do Núcleo de Segurança de Cleveland, a polícia chegou a ir a casa onde as meninas estavam por duas vezes ao longo dos dez anos: em 2000 e 2004. Em março de 2000, Castro teve de responder a polícia por uma briga de rua. E, em 2004, ele teve novamente que receber policiais depois de ter esquecido uma criança no ônibus escolar que dirigia, mas a investigação concluiu que não houve intenção criminal.

Suspeito seria 'amigável'

Charliez Czorb, vizinha do suposto sequestrador, se disse surpresa com o tempo que as três jovens passaram no cativeiro sem que ninguém percebesse. "Estavam no nosso quintal. Estas meninas estavam presas em nosso quintal".

Ariel Castro foi descrito pelos vizinhos como um amigável motorista de ônibus e músico. Também afirmaram que geralmente deixavam as filhas brincar com seus netos. (Com Toronto Sun e agências Internacionais)