Obama cancela exercício militar com Egito e diz que EUA não decidem futuro do país
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que "cabe aos egípcios decidirem o futuro do país" e anunciou a suspensão de um exercício militar conjunto que seria realizado em setembro entre os dois países. "Não podemos manter nossa cooperação enquanto civis são mortos nas ruas e direitos são deixados de lado."
Obama também disse que cabe ao povo egípcio, e não aos EUA, arrumar uma solução para a crise no país.
"A América não pode determinar o futuro do Egito. Isso é com o povo. Queremos um Egito próspero, mas os egípcios terão de fazer o trabalho", disse Obama nesta quinta-feira (15) na ilha de Martha's Vineyard, no Estado de Massachussetts, onde passa férias.
Pedindo paciência, o presidente americano disse ainda que "haverá dias difíceis" e "falsos começos" até a retomada da democracia no Egito, o que "pode levar gerações".
Em sua fala, Obama também rebateu críticas de que os EUA estariam tomando lado no impasse político pelo qual passa o país árabe. "Fomos acusados [de parcialidade] por apoiadores de Mursi e pelo outro lado, como se apoiássemos Mursi. Nós não nos responsabilizamos por nenhum partido."
Vice-presidente egípcio deixa o governo após massacre
O vice-presidente egípcio e prêmio Nobel da Paz Mohamed El Baradei renunciou ao cargo após a violenta operação para dispersar os manifestantes pró-Mohammed Mursi.
Após anunciar o cancelamento das manobras militares realizadas a cada dois anos entre os dois países, Obama disse: "Tomaremos mais passos se necessário. Nós nos opomos a intervenção à força, e o Egito está tomando um caminho perigoso".
O presidente não mencionou se os EUA pretendem suspender a ajuda financeira bilionária enviada anualmente ao Egito, mas cobrou a suspensão do estado de emergência decretado no país pela junta militar e o início de uma "conciliação".
"O povo egípcio merece coisa melhor que o que vimos nos últimos dias. O ciclo de violência precisa parar."
Mais de 600 mortos
Balanço oficial divulgado hoje pelo governo do Egito informa que a série de confrontos da quarta-feira (14) deixaram um saldo de ao menos 638 mortos --o número, no entanto, não inclui as mortes desta quinta.
De acordo com o porta-voz do Ministério da Saúde, Mohamed Fathallah, os mortos são, em sua maioria, civis. O ministério do Interior informou a morte de ao menos 43 policiais, e mais três policiais morreram hoje durante um ataque a uma delegacia no sudeste da capital egípcia, segundo a imprensa estatal.
O Egito amanheceu em relativa calma nesta quinta-feira (15) após o decreto de toque de recolher de um mês, imposto ontem pelas autoridades em resposta aos violentos distúrbios que causaram centenas de mortes e milhares de feridos em todo país. Mesmo com o toque de recolher vigorando, grupos pró-Mursi pretendem ir às ruas nesta quinta-feira (15).
A comunidade internacional condenou o massacre e pediu providências da ONU. O governo dos EUA, que dá apoio financeiro ao Egito, pediu o fim do toque de recolher.
Egito em transe
As sucessivas crises e confrontos no Egito tem raízes mais antigas e profundas, na briga entre secularistas e islamitas e uma democracia ainda imatura. Entenda mais sobre a história recente do país
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A violência dos confrontos causou a renúncia do vice-presidente do Egito, o Nobel da Paz Mohamed El Baradei.
Os confrontos generalizados foram iniciados após uma operação policial para desmontar os acampamentos da Irmandade Muçulmana, grupo era liderado por Mursi até sua chegada à Presidência, nas praças de Rabea al Adauiya e de Al Nahda, ambas nas capital. (Com Efe e AFP)
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