Com recado em inglês para Obama, jornal árabe do Egito nega golpe militar
Os principais jornais do mundo destacaram nesta quinta-feira (4) o golpe militar no Egito que destituiu ontem o presidente Mohammed Mursi. Muitos falavam em golpe, mas o jornal egípcio "Al Tahrir", considerado independente, foi contra a corrente. Escrito em árabe, o jornal destacou uma chamada em inglês em sua capa para deixar um recado para Obama. No alto da sua primeira página, a Al Tahrir escreveu: "É uma revolução... não um golpe, senhor Obama!" (It's a revolution... not a coup, Mr. Obama!).
O britânico "The Guardian" também seguiu a mesma linha e preferiu se referir à deposição como "A segunda revolução do Egito" (Egypt's second revolution). Já o tabloide americano New York Post usou um trocadilho em sua capa. Ele brincou com a palavra francesa "merci beaucoup" ("muito obrigado") e criou o título "Morsi beau coup" (algo como "Mursi belo golpe").
A queda de Mursi, o primeiro presidente eleito democraticamente da história do Egito, coloca fim a um ano de poder islamita marcado por diversas crises e fortes protestos populares, e abre caminho para uma delicada transição no país.
Um juiz pouco conhecido, Adli Mansur, prestou nesta quinta-feira (4) juramento como presidente interino do Egito um dia após o exército derrubar o Mursi, que segue sob custódia militar.
O golpe militar no país árabe mais populoso do mundo provoca inquietação no exterior. Os Estados Unidos pediram para analisar as implicações legais na importante ajuda militar que concede ao Egito, enquanto a Rússia apelou por moderação a todas as partes.
Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu para que um regime civil seja restabelecido rapidamente.
"É preciso restabelecer o quanto antes um governo civil que reflita as aspirações do povo", declarou à imprensa durante uma viagem a Copenhague, acrescentando que a situação continua sendo instável e que apenas se resolverá com a união de todas as forças políticas.
TVs fora do ar
Ontem, emissoras de televisão islâmicas do Egito foram tiradas do ar, minutos depois de anunciarem a queda de Mursi em cadeia nacional. Segundo a agência de notícias estatal Mena, a emissora de TV da Irmandade Muçulmana Egypt25, partido da base de Mursi, teve o sinal cortado e seus gerentes foram presos horas depois do golpe militar.
O canal de TV da Al Jazeera também ficou fora do ar no Egito, segundo informou a empresa de mídia em seu site em inglês. Segundo repórteres da emissora, a transmissão caiu quando membros das forças de segurança invadiram o prédio da Al Jazeera no Cairo e prenderam produtores e convidados de um programa.
A emissora Egypt25 vinha transmitindo ao vivo a cobertura de manifestações de milhares de partidários de Mursi no Cairo e em outras regiões do país, com discursos de lideranças de alto escalão da Irmandade denunciando a intervenção militar para derrubar o presidente eleito. (Com agências internacionais)
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