Deputado crê que boliviano sofre ameaças por saber sobre tráfico entre Brasil e Bolívia
Depois de quase meia-hora de suspense, o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ) chegou à Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira (3) para avisar que o senador boliviano Roger Pinto Molina não compareceria à audiência pública organizada pelas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Mesmo sem a presença dele, os deputados resolveram se reunir por cerca de 1h na sala destinada a audiência.
Durante as falas dos deputados, Leite afirmou que acredita que o senador boliviano está sofrendo ameaças por saber de muitas informações sobre temas importantes como o tráfico de drogas entre Brasil a a Bolívia.
“Não tenho dúvida que o governo brasileiro precisa enfrentar a questão do tráfico de cocaína da Bolívia para o Brasil, cujas informações seriam absolutamente úteis”, disse o deputado Otávio Leite, em referência à informações que Molina poderia ter.
Ao UOL, o advogado Fernando Tibúrcio Peña disse que seu cliente estava no interior de Goiás até hoje de manhã, foi à Brasília, mas deverá voltar ao local que não pode revelado por questões de segurança.
Questionado pela reportagem, sobre quem estaria financiado seus serviços, o advogado disse que sua atuação no caso é um trabalho pro bono. A expressão em latim significa "para o bem do povo", ou seja, é uma espécie de trabalho voluntário.
Desistência
Na chegada ao Congresso Nacional, Leite veio acompanhado de Tibúrcio Peña que justificou, por meio de uma nota à imprensa, que seu cliente não iria participar de audiência por “fatores de ordem conjuntural que serão oportunamente esclarecidos”. Ainda não há data para uma nova reunião com o senador boliviano.
“Ele sofreu pressões muito grandes. Acho que o governo brasileiro poderá dar solução a esta questão com brevidade”, avaliou o deputado Otávio Leite.
Na última terça-feira (27), Molina já havia cancelado sua aparição na Comissão de Relações Exteriores do Senado, cujo convite foi feito pelo presidente da comissão, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
O caso
Molina ficou abrigado por cerca de 15 meses na Embaixada do Brasil em La Paz (capital da Bolívia) e chegou ao Brasil no último dia 24. A vinda dele, à revelia do Itamaraty, culminou na saída de Antonio Patriota do posto de ministro das Relações Exteriores.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff negou que as condições da Embaixada brasileira, em La Paz, estivessem tão ruins quanto às declaradas pelo diplomata Eduardo Saboia, que coordenou a fuga do parlamentar boliviano para o Brasil.
Para proteger Molina, o advogado não quis dizer quando o senador boliviano iria falar em público no Brasil.
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