Topo

"Não sabemos se vazou e o que vazou", diz presidente da Petrobras

Pedro Peduzzi

Da Agência Brasil, em Brasília

18/09/2013 12h29

A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse nesta quarta-feira (18) que não há, até o momento, qualquer registro ou evidência de que informações da empresa foram acessadas pela espionagem norte-americana, mas admitiu que a possibilidade de informações sigilosas da estatal terem sido acessadas causa “no mínimo desconforto, porque não sabemos se vazou e o que vazou”. A dirigente participa de audiência pública no Senado para tratar do tema.

Graça Foster mostrou confiança na segurança dos dados enviados à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), porque não são transmitidos pela internet.

“Os dados são repassados à ANP por sistema fechado dentro dos centros. Fazemos transferência de dados, e não de interpretações ou processos avaliados. Não falamos de informações. O envio é físico por meio de CDs e DVDs, em mãos”, disse.

Além disso, segundo explicou, o banco de dados com o “conhecimento explícito da companhia” está armazenado no Centro Integrado de Processamento de Dados, protegido com criptografia e diversas barreiras de segurança, como acesso por biometria, sistema de eclusa, pesagem do cidadão nos momentos de entrada e saída, além de monitoramento por câmeras.

  • 12389
  • true
  • http://noticias.uol.com.br/enquetes/2013/09/17/dilma-agiu-corretamente-ao-adiar-a-visita-aos-estados-unidos.js

“Para crer que fomos invadidos, temos de ter o registro ou evidência de invasão, e a amostra do que foi capturado. Por ora, não temos isso”, disse Graça Foster, durante a audiência pública.

“Mas ter nosso nome mostrado [em meio às denúncias de espionagem] gera preocupações sobre o que possa ter sido vazado. Vimos nosso nome ali, o que nos causou, no mínimo, grande desconforto, porque não sabemos se vazou e o que vazou”.

Segundo a presidenta da estatal, diretores da companhia informaram não haver nenhum registro anormal no sistema da empresa "em 2012 e 2013".

Em termos de segurança da informação, acrescentou, “entendemos que temos o que de melhor a Petrobras poderia ter”, disse. Ela acrescentou que os fatos “nos levam a discutir o que mais há para se fazer”.

“Até o final de 2013, teremos investido R$ 3,9 bilhões por conta da segurança da informação. Para o período 2013-2017, serão investidos R$ 21,2 bilhões. Isso mostra a importância absoluta de investimentos vultosos em segurança da informação. Além disso, temos 243 doutores e mestres em tecnologia da informação e em telecomunicações”, disse a dirigente.

Segundo Graça Foster, é comum o sistema reportar incidentes. “Ataques cibernéticos costumam ocorrer na internet com vários objetivos, que vão desde a diversão até ações criminosas, por motivações financeiras, ideológicas, políticas, concorrenciais ou comerciais”. A dirigente disse que, entre 9 de agosto e 9 de setembro de 2013, a estatal recebeu 195,9 milhões de e-mails. Desses, 179,4 milhões foram bloqueados após detecção de spam, malware (software malicioso), vírus ou bloqueio de conteúdo.

Entre as estratégias da empresa para evitar que informações sigilosas sejam acessadas está também o "estímulo à fidelidade à empresa", pelos funcionários. “Mas fidelidade, assim como a tecnologia, não é 100%. [Até porque] não podemos garantir que seguraremos todos [os funcionários] na Petrobras. Além do mais, estamos falando de ser humano”.

A audiência pública reúne senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem e das comissões técnicas de Assuntos Econômicos (CAE) e de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).