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Rússia desmente militar ucraniano e nega ultimato, diz agência

Do UOL, em São Paulo

03/03/2014 13h50Atualizada em 03/03/2014 17h04

A Frota do Mar Negro da Rússia negou ter dado prazo até as 5h de terça-feira (meia-noite, no horário de Brasília) para as forças ucranianas na Crimeia se renderem, informou a agência de notícias Interfax, citando uma fonte militar russa.

Um porta-voz da frota russa em Sebastopol, citado pela agência Interfax, qualificou de "tolices" as informações sobre o suposto ultimato.

A informação sobre o ultimato havia sido noticiada horas antes pela própria Interfax, que a atribuiu a fontes no Ministério da Defesa ucraniano. "Se eles não se renderem antes das 5h de amanhã, um ataque real será iniciado contra as unidades e divisões das forças armadas por toda a Crimeia", disse a agência.

"Estamos acostumados a escutar acusações que estamos realizando operações militares contra nossos colegas ucranianos", disse mais tarde o porta-voz da frota, que tem uma base na Crimeia, onde forças russas estão no controle.

"As tentativas de jogarmos uns contra os outros fracassarão", acrescentou.

 

IMPASSE COM A RÚSSIA MOTIVOU REVOLTA NA UCRÂNIA

As manifestações começaram em novembro, depois que o então presidente Viktor Yanukovich anunciou sua decisão de não assinar um acordo de cooperação com a União Europeia.

Uma ex-república soviética, a Ucrânia está no meio de uma disputa de forças entre grupos que querem mais proximidade com a União Europeia e outros que têm mais afinidade com a Rússia.

Em fevereiro, Yanukovich foi deposto, um governo interino foi empossado e novas eleições foram convocadas.

As atenções agora se viraram para a Crimeia, região autônoma da Ucrânia de maioria alinhada à Rússia e que convocou um referendo sobre sua soberania.

Tropas russas já assumiram controle sobre a região, apesar dos protestos da comunidade internacional ,e há temores de que possam tentar avançar sobre outras partes da Ucrânia.

 

O presidente da câmara baixa do Parlamento russo (Duma), Serguei Narychkine, afirmou nesta segunda que uma intervenção do Exército russo na Ucrânia "não é necessária no momento".

"A decisão tomada pelo Conselho da Federação nos dá esse direito, e podemos utilizá-lo se for necessário, mas não é necessário agora", declarou Narychkine, citado pelas agências de notícias russas.

Tensão

A tensão entre russos e ucranianos se estende a várias regiões da Ucrânia.  Em Donetsk (leste), reduto do presidente destituído Viktor Yanukovitch, 300 manifestantes pró-russos tomaram nesta segunda-feira de assalto a administração regional.

As autoridades ucranianas denunciaram o fato de nas últimas 24 horas dez helicópteros de combate e oito aviões de transporte russos terem pousado na Crimeia, sem que elas tenham sido avisadas 72 horas antes, como preveem os acordos entre os dois países.

O ministério ucraniano da Defesa havia afirmado anteriormente que a Rússia há havia aumentado em 6.000 soldados sua presença militar na Crimeia, uma península russófona do sul da Ucrânia que abriga a frota russa do mar Negro.

Moscou tem agora "um controle operacional pleno" sobre a Crimeia, afirmou no domingo em Washington um funcionário americano de alto escalão, que pediu o anonimato.

Nesta segunda-feira, todas as bases militares ucranianas estavam cercadas por soldados não identificados que atuam a serviço das autoridades pró-russas da Crimeia, segundo o ministro ucraniano da Defesa.

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  • Rafael Mansano/UOL

Em terra não houve nenhum confronto na Crimeia, apesar da forte tensão. Homens armados com uniformes sem distintivos e que podem ser soldados russos tinham o controle de vários pontos estratégicos da península, como bases militares, aeroportos e edifícios oficiais.

Em um golpe duro para as autoridades pró-europeias de Kiev, o comandante-em-chefe da marinha da Ucrânia, o almirante Denis Berezovski, nomeado há apenas alguns dias, anunciou no domingo sua adesão às autoridades pró-russas da Crimeia.

Nesta segunda-feira (3), homens armados e encapuzados bloqueavam a entrada do quartel-general da marinha ucraniana em Sebastopol, para impedir a entrada do novo comandante nomeado por Kiev.

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A crise, uma das mais graves entre Moscou e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria, provocava queda nas bolsas (a de Moscou fechou em baixa de quase 11%), assim como desvalorização do rublo e alta no preço do petróleo. (Com agências internacionais)