Após três anos da tragédia, governo japonês recua sobre medidas antienergia nuclear
Um terremoto de 8,8 graus de magnitude, seguido de um tsunami, devastou em 11 de março de 2011 cidades da costa leste do Japão, deixando um cenário de destruição na região e provocando uma crise nuclear sem precedentes na história do país asiático, considerada uma das piores desde o incidente em Chernobyl, em 1986, cujas consequências são sentidas até os dias de hoje, passados três anos da tragédia.
Em fevereiro de 2014, um vazamento, dentre tantos outros já detectados na usina nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão, liberou 100 toneladas da água armazenada no tanque que guarda o líquido contaminado.
Com altos índices de radiação -- foram registrados 230 milhões de becquerels por litro de substâncias emissoras de raios beta --, o material não chegou a escoar para o mar, mas o novo vazamento demonstrou que o local ainda é uma bomba relógio.
A TEPCO (Tokyo Electric Power), que gerencia a usina, afirma que há uma necessidade urgente de se construir novos tanques de armazenamento e pretende lançar no mar parte da água contaminada, após a eliminação do conteúdo mais tóxico.
O governo japonês anunciou no último dia 9 que irá acelerar a construção de novos depósitos. A edificação das instalações estava parada por falta de um acordo entre Tóquio e o governo regional sobre o lugar exato onde seriam instaladas.
As medidas anunciadas pelo governo não têm agradado aos japoneses. O atual primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe decidiu reativar 48 dos 50 reatores nucleares que haviam sido fechados desde a tragédia, em 2011, contrariando o compromisso feito pela gestão anterior de tornar o Japão um país livre da energia nuclear até 2040.
O sentimento antienergia nuclear que surgiu na população do país -- que possui 128 milhões de habitantes -- após a tragédia, aliado às novas medidas do governo japonês, levou milhares de pessoas às ruas de Tóquio, no último domingo (9). O ato foi convocado por diversas organizações não governamentais e agrupamentos civis.
Desastre em Fukushima
Um dia após o terremoto seguido de tsunami atingir a costa leste do Japão, uma explosão destruindo parte do teto do reator 1 da usina nuclear de Fukushima, que fica no nordeste do país. O incidente ocorreu devido à falha no sistema de refrigeração, causado pelo fenômeno natural, e o consequente aumento da sua pressão. Nos dias seguintes os reatores 2, 3, 4, 5 e 6 também apresentaram problemas.
O acidente nuclear provocou a evacuação de mais de 300 mil pessoas, além de grandes perdas para a agricultura e pesca na região. Além disso, pesquisas feitas pela Universidade de Standford, nos Estados Unidos, apontam que até 2.500 pessoas devem desenvolver câncer pelo contato com material radioativo.
Mais de 18,5 mil pessoas morreram por causa do terremoto seguido de tsunami em todo o país. A tragédia destruiu mais de 393 mil casas e deixou 27,5 milhões de toneladas de escombros.
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