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Cidade-fantasma surge no Peru após combate a garimpo ilegal de ouro

Do UOL, em São Paulo

02/06/2014 06h00Atualizada em 02/06/2014 18h25

Com a repressão à mineração ilegal de ouro, a cidade amazônica de Huepetuhe, no Peru, virou um local fantasma. Da população original de 22 mil habitantes, pouco mais de 3.000 ainda moram ali.

A situação lembra a de Serra Pelada, no Pará, mina que foi alvo da corrida do ouro na década de 80 e chegou a ser chamada de "formigueiro humano", abrigando cerca de 80 mil garimpeiros.

Em uma década, os garimpeiros ilegais teriam extraído, segundo dados do governo peruano, 159 toneladas de ouro ou o correspondente a US$ 7 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões) na região de Madre de Dios, onde está Huepetuhe.

30.mai.2014 - Uma retroescavadeira em Huepetuhe (Peru) foi abandonada em uma cratera aberta na mineração do ouro. Com a repressão à mineração ilegal de ouro, o local virou uma cidade fantasma. Da população original de 22 mil habitantes, pouco mais de 3.000 ainda moram ali - Rodrigo Abd/AP - Rodrigo Abd/AP
Retroescavadeira em mina de ouro de Huepetuhe foi abandonada em cratera aberta
Imagem: Rodrigo Abd/AP

O prefeito de Huepetuhe, Marco Ortega, afirma que a fuga de quase 85% da população está relacionada a ações do governo federal como a apreensão de gasolina e o envio de tropas para destruir o maquinário usado na mineração ilegal.

“A economia entrou em colapso. Os compradores de ouro, as lojas de equipamentos, albergues e todo o tipo de lojas fecharam.Nós somos uma cidade quase sem habitantes”, disse Ortega à agência de notícias “AP”.

Os bordéis da cidade, até então movimentados, estão como os postos de gasolina: vazios.

Autoridades peruanas disseram à Ortega que planejam ajudar os garimpeiros desempregados –mas até o momento a assistência não veio, diz o prefeito.

Danos ambientais

A região amazônica também sofreu as consequências da corrida pelo ouro. A área desmatada pode ser vista do espaço e toneladas de mercúrio, usado na mineração, contaminaram as cadeias alimentares da rica biodiversidade da região.

Os poucos garimpeiros remanescentes usam ferramentas rudimentares na extração do ouro –como picaretas, pás e motores pequenos.

Joel Macedo, 25, é um dos que ainda trabalham na cidade. Ele ganhava US$ 1.071 (R$ 2.403) como operador de máquinas pesadas, mas depois das medidas restritivas do governo, passou a receber apenas um quarto desse valor.

“Minha mulher trabalha comigo agora porque não temos nada para comer”, diz Maceda, pai de dois filhos. Ele espera que o governo permita que algumas minas operem, já que nem todas são ilegais. (Com AP)