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Mãe de irmãos mortos no MH17 lembra que filho teve medo de avião falhar

Samira Calehr (3ª da dir. para a esq.) perde dois filhos --Miguel, 10, (1º da dir. para a esq.) e Shaka, 19, (2ª da dir. para a esq.)-- no acidente do voo MH17 - CNN/Reprodução
Samira Calehr (3ª da dir. para a esq.) perde dois filhos --Miguel, 10, (1º da dir. para a esq.) e Shaka, 19, (2ª da dir. para a esq.)-- no acidente do voo MH17 Imagem: CNN/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

22/07/2014 19h22

A mãe de dois irmãos mortos no acidente do voo MH17, da Malaysia Airlines, contou ter se arrependido de não ter levado a sério a intuição do filho mais novo. Miguel Calehr, 10, e sua irmã mais velha Shaka, 19, eram duas das 298 pessoas que estavam a bordo do avião que foi derrubado por um míssil em uma área controlada por rebeldes separatistas russos, no leste da Ucrânia, na última quinta-feira (17).

Em entrevista a rede de televisão americana "CNN", Samira Calehr afirmou que os dois estavam a caminho das férias com a avó em Bali, na Indonésia. O filho do meio, Mika, 16, não embarcou no mesmo avião por falta de vaga e, por isso, viajaria no voo seguinte.

No aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, poucas horas antes do voo com destino a Kuala Lumpur (Malásia), Miguel disse à mãe que estava "nervoso". Minutos mais tarde, já na sala de embarque, Samira relembra uma conversa que teve com o filho mais novo: "Ele entrou na sala e voltou para me dizer: 'Mamãe, eu te amo. Estou feliz em ver a vovó, mas vou sentir sua falta'. E, por fim, me questionou: 'o que acontece se o avião falhar?'."

Samira não deu importância à pergunta e tentou tranquilizar Miguel. "Eu disse: 'vamos lá, não seja bobo, você já foi viajar tantas vezes. Tudo vai ficar bem'". Arrependida, a mãe se pune por não ter prestado atenção às preocupações do filho. "Se eu pudesse voltar no tempo, teria o ouvido", relatou ela, que acrescentou: "Por que não tiraram a minha vida? Eles ainda eram tão  jovens."

A avó dos meninos, Yasmine Calehr, afirmou que a família está inconsolável com as mortes, mas ainda assim está focada em garantir que os corpos dos meninos cheguem à Holanda para que possam dar a eles uma despedida digna.

"Tão devastador como este processo tem sido, gostaríamos de ao menos ter uma sepultura, algo para colocar em um túmulo... alguns restos ou até mesmo os corpos intactos."