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Patrimônio de 85 mais ricos equivale ao de 3,5 bilhões mais pobres, aponta Pnud

Doha, capital do Qatar, país com a maior renda nacional per capita, segundo o Pnud. O relatório divulgado pelo órgão das Nações Unidas informa que as 85 pessoas mais ricas do mundo detêm o mesmo patrimônio que os 3,5 bilhões mais pobres somados - AFP PHOTO / PATRICK BAZ
Doha, capital do Qatar, país com a maior renda nacional per capita, segundo o Pnud. O relatório divulgado pelo órgão das Nações Unidas informa que as 85 pessoas mais ricas do mundo detêm o mesmo patrimônio que os 3,5 bilhões mais pobres somados Imagem: AFP PHOTO / PATRICK BAZ

Bruna Borges e Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

24/07/2014 02h00

As 85 pessoas mais ricas do mundo detêm o mesmo patrimônio que os 3,5 bilhões mais pobres somados, aponta o relatório do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) sobre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) divulgado nesta quinta-feira (24). Essa disparidade é reflexo da desigualdade da distribuição de renda no mundo.

No mundo há 1,2 bilhão de pessoas pobres, vivendo com menos de US$ 1,25 por dia, mostra o relatório. O estudo também aponta que 12% da população mundial (842 milhões de pessoas) vive em uma situação de fome crônica.

Na outra ponta, os países com a maior renda nacional bruta per capita são Qatar, com US$ 119.029; Liechtenstein com US$ 87.085; Kuait com US$ 85.820; Cingapura com US$ 72.371; e Brunei com US$ 70.883.

Na avaliação por área, o relatório aponta que a África subsaariana tem os piores índices de desigualdade na área da saúde, e o sul da Ásia tem os piores índices na educação.

“Desigualdade é uma das principais ameaças ao desenvolvimento humano, pois reflete a desigualdade de oportunidades. Prejudica o crescimento das pessoas e a redução da pobreza, além de dificultar a qualificação do engajamento político.[...] A alta desigualdade enfraquece o espírito coletivo e facilita o enriquecimento de grupos influentes”, diz trecho do documento.

A desigualdade de renda caiu cerca de 11% em países em desenvolvimento entre 1990 e 2010, de acordo com o relatório. Isto propiciou a queda da desigualdade no acesso à saúde e à educação, mas o valor ainda é alto, avalia o Pnud.

Pobreza multidimensional

O Pnud também calcula o IPM (Índice de Pobreza Multidimensional), um indicador que considera o padrão de vida nas casas, a escolaridade e a saúde da população, além da renda. O índice varia de 0 a 1 -- quanto mais próximo de 0, melhor o desempenho no indicador.

Entram neste cálculo indicadores de nutrição, mortalidade infantil, anos de estudos e características dos domicílios (se há banheiro dentro da casa, água encanada ou eletricidade, qual tipo de piso há na moradia, qual tipo de combustível usado para cozinhar e que bens as famílias possuem). Há três graus para medir a pobreza multidimensional: os "quase pobres" que sofrem privação de 25% a 33.3% dos itens citados, os "pobres" que não têm acesso a um terço dos itens e os "extremamente pobres" a quem falta mais de 50% dos quesitos.

O relatório mostra que 1,5 bilhão de pessoas no mundo vivem em pobreza multidimensional nos 91 países em desenvolvimento pesquisados. O estudo também aponta que 15% da população mundial está vulnerável e pode entrar nesta categoria.

O sul da Ásia tem o maior número de pessoas multidimensionalmente pobres, com mais 800 milhões nesta faixa. Há ainda cerca de 270 milhões de "quase pobres". O relatório mostra a região corresponde 56% da população pobre do mundo e 35% dos "quase pobres".

O IPM brasileiro é 0,012. O relatório indica que 3,1% da população brasileira está em pobreza multidimensional, os que estão próximos a este tipo de pobreza são 7,4% e os que estão em extrema pobreza multidimensional são 0,5%.

O país que teve o pior desempenho no ranking do IDH em 2013, o Níger, apresentou 0,584 de IPM.