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IDH do Brasil melhora e supera média da AL; país é o 79º em ranking mundial

Sueli Dumont, de Jaboatão dos Guararapes (PE), é beneficiária do Bolsa Família; programa federal foi elogiado no relatório do Pnud sobre IDH - André Felipe - 19.out.2013/Folhapress
Sueli Dumont, de Jaboatão dos Guararapes (PE), é beneficiária do Bolsa Família; programa federal foi elogiado no relatório do Pnud sobre IDH Imagem: André Felipe - 19.out.2013/Folhapress

Bruna Borges e Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

24/07/2014 02h00Atualizada em 24/07/2014 12h06

O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil subiu uma posição e superou a média da América Latina e Caribe. Com isso, o país ocupa o 79º lugar no ranking mundial com 187 países. O índice brasileiro é 0,744 -- a média da região é de 0,74 e a média mundial ficou em 0,702.

Os dados foram divulgados em relatório do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) nesta quinta-feira (24) com base em números referentes ao ano de 2013. A escala do IDH vai de 0 a 1 -- quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho do país.

Neste ano, houve mudança de metodologia e o Pnud atualizou todos os dados da série histórica, desde 1980. Com base na nova forma de calcular o índice, o IDH do Brasil referente ao ano de 2012 ficou em 0,742, que o colocou em 80º no ranking mundial.

Com o índice divulgado hoje, o Brasil está no grupo de países com desenvolvimento humano alto -- existem ainda faixas para "muito alto", "médio" e "baixo" -- e ocupa a segunda posição na lista dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Com índice de 0,778, a Rússia ocupa a 54ª posição no ranking e, no grupo, a Índia tem o menor IDH, com 0,586, e está no 135º lugar.

Para se ter uma ideia, o IDH mais alto é o da Noruega (0,944) pelo quinto ano consecutivo, e o pior desempenho de desenvolvimento humano é do Níger (0,337). Dois países apresentam o mesmo IDH que o Brasil: Geórgia (país que fica entre a Europa e a Ásia) e por Granada (América Central).

Conforme o documento do Pnud, a expectativa de vida dos brasileiros é de 73,9 anos; a média de escolaridade entre os adultos é de 7,2 anos; a expectativa de tempo de estudo é 15,2 anos; e a renda nacional per capita anual é de US$ 14.275 (cerca de R$ 31.697 com o câmbio atual). 

Confira os resultados de todos os 187 países

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Muito a ser feito

Para o representante do Pnud no Brasil Jorge Chediek, o Brasil tem apresentado uma melhora "consistente em relação a mudanças estruturais". Entre os itens que contribuíram para esse avanço, ele cita "a renda subindo, o resultado de ações políticas, a restauração da democracia, a estabilidade macroeconômica, a criação do SUS e a luta pela expansão da educação, com a universalização".

Ele observa, porém, que ainda há muito a ser feito no país. "O Brasil é muito desigual ainda, mesmo que a desigualdade tenha sido reduzida nos últimos anos, por causa da criação de empregos."

O relatório deste ano mostra que 38 países subiram no ranking, 35 caíram e 114 mantiveram suas posições. Na região que compreende América Latina e Caribe, houve cinco países que melhoraram seu desempenho; nove pioraram e 19 ficaram na mesma colocação. 

Elogios ao Bolsa Família

O relatório do Pnud de 2014 propõe a discussão sobre a evolução e a sustentabilidade do desenvolvimento humano alcançado pelos países até aqui e nos próximos anos, reduzindo as vulnerabilidades do indivíduo e construindo a resiliência, isto é, a capacidade da população de se adaptar às crises.

Ao defender medidas para conseguir evoluir e garantir o desenvolvimento humano, o relatório destaca o programa federal Bolsa Família como um bom exemplo de política pública de curto prazo.

Para o Pnud, o programa do governo federal, que completou dez anos no ano passado, consegue fazer distribuição de renda de forma rápida e eficaz em momentos de crise enquanto a infraestrutura social necessária ainda não estiver disponível. Segundo o relatório, o recebimento de recursos propicia a manutenção do desenvolvimento humano alcançado pela população mais vulnerável.

Isto porque, quando uma família é constantemente submetida a situações adversas, como uma crise econômica ou aumento de preços, pode surgir uma situação de vulnerabilidade, em que crianças podem ficar desnutridas ou serem retiradas da escola para trabalhar, por exemplo. Com a transferência de renda, fica mais possível garantir a nutrição e a escolaridade.

“Parte do sucesso desses programas ocorre porque eles são projetados para proteger capacidades do indivíduo. Além disso, eles podem ser rapidamente ampliados para mitigar as consequências ruins de uma nova crise de curto prazo, como aconteceu com o aumento súbito do preço dos alimentos, como ocorreu no Brasil após a crise de 2008”, defende trecho do relatório.

"Esses programas são o piso [base mínima] de proteção social que a sociedade deve ter para promover a resiliência. E, para diminuir a desigualdade, a solução não é reduzir os programas sociais, mas melhorar a qualidade deles", explica Chediek, do Pnud.
 

Índices complementares

O Pnud também tem, desde 2010, indicadores complementares que explicam o desenvolvimento humano nos países. Mas não é possível fazer uma comparação histórica ainda, segundo o órgão.

De acordo com o relatório, o IDH ajustado à desigualdade brasileiro é 0,542. Isto significa que o Brasil cairia 16 posições no ranking – em um grupo de 145 países – porque este indicador considera em seu cálculo as disparidades na população. O Pnud ressalta que a desigualdade no país ainda é grande.

No indicador de desigualdade de gênero, o Brasil ocupa a 85ª posição de um total de 149 países. Seu índice é 0,441 e mostra que o país é mais desigual que a média regional da América Latina e Caribe, que é 0,416. Isto porque o indicador varia entre 0 e 1, e quanto mais próximo de zero menos desigual é o país.

O Brasil apresentou ainda uma taxa de 0,012 no indicador de pobreza multidimensional. O relatório de 2014 possui estimativas para 91 países.