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"As lojas estão fechadas e esta é a última coisa que tenho para comer", diz nepalês

Do UOL, em São Paulo

27/04/2015 17h58

Depois do terremoto de magnitude 7,8 que arrasou grande parte da capital do país, Katmandu, e matou mais de 4.000 pessoas no pior desastre ocorrido no Nepal nos últimos 80 anos, os nepaleses agora buscam lugares seguros para suas famílias e suprimentos. Mas de acordo com o jornal inglês "Independent", não é isso que está acontecendo.

As longas filas no parque Tundikhel deixam claro que o local tornou-se um campo de refugiados improvisado. Esses acampamentos, ou "centros de evacuação", surgiram em praças públicas, parques e edifícios em Katmandu. Muitos temem que outro terremoto esteja a caminho. Pessoas estão doentes e ninguém tem comida ou água suficiente, de acordo com o "Independent".

Em um acampamento no Baneshwor, o maior bairro residencial de Katmandu, as mulheres preparam macarrão para seus filhos. "As lojas estão fechadas: esta é a última coisa que eu tenho para comer", diz Rama Sharma. "Estamos sofrendo."

"Ninguém veio para nos dar material de socorro", diz Dhanas Shrestha, que possui uma casa no centro de Katmandu, mas tem vivido dentro de uma barraca há dois dias. "Temos ouvido e lido a notícia de que a ajuda externa está chegando aqui. Se o governo não pode fornecer os materiais, por que se chama governo?".

No parque Tudikhel, dentro de uma barraca verde, Niranjan Mishra, 43, conta: "Estou com medo, não posso voltar para o meu apartamento, as pessoas estão dizendo que outro terremoto vai ocorrer". Ele vem do sudeste do Nepal e tem recebido pedidos constantes de seus pais para voltar para sua casa. "É muito difícil para nós", diz ele. "Ninguém veio para perguntar sobre as nossas condições."

Sima Lama lembra do terremoto. "Eu estava quase terminando o meu almoço e minha casa começou a tremer", disse ela. "O telhado acima da minha cozinha começou a cair. Eu estava indefeso." Ela não sabe o que aconteceu com o resto de sua família. A polícia do Nepal diz que mais de 200 corpos não identificados estão em hospitais de Katmandu.

O administrador-chefe do distrito de Katmandu, Ek Narayan Aryal, disse que tendas e água estavam sendo distribuídas em dez locais em Katmandu, mas que tremores secundários foram deixando todos nervosos. A secretária-chefe do Nepal, Leela Mani Poudyal, disse: "Temos lidado com novos desafios e não temos tido capacidade de atender às demandas esmagadoras."

Estradas que levam para fora de Katmandu estão congestionadas com pessoas, algumas com bebês, tentando subir nos ônibus ou pegar uma carona em carros e caminhões para as planícies. Enormes filas são formadas no Aeroporto Internacional de Tribhuvan da cidade, com turistas e moradores desesperados para pegar um voo para fora do país.

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