"Somos muçulmanos normais", diz mulher de suspeito de atentado na França
A mulher de Yassin Salhi, 35, suspeito de autoria no atentado contra uma usina de gás na região de Lyon (cerca de 470 km de Paris), nesta sexta-feira (26), disse em entrevista à rede Europe 1 que estava “atordoada e chocada” sobre o possível envolvimento de seu marido no crime.
Após uma explosão na fábrica, a cabeça de um homem foi deixada no portão da empresa, que fica em Saint-Quentin Fallavier. A vítima decapitada é um empresário, e ao menos duas pessoas ficaram feridas.
“Ele saiu para trabalhar às 7h desta manhã” para fazer seu trabalho de entregador. Mas, ao contrário do habitual, não retornou “entre meio-dia e duas da tarde”.
A informação sobre a prisão de Salhi chegou à ela pela cunhada, que começou a chorar ao ver a notícia na TV. “Meu coração vai parar”, disse a mulher do suspeito. “Eu o conheço, ele é meu marido. Nós temos uma vida de família normal. Ele sai para trabalhar, volta. Nós somos muçulmanos normais, fazemos o Ramadã. Temos três filhos e uma vida normal de família”, afirmou durante a entrevista.
A mulher foi interrogada pela polícia perto de Lyon, segundo informações da BFMTV. Além dela e de Yassin Salhi, uma terceira pessoa foi ouvida hoje: um homem que estava em um carro, na região da empresa, nos momentos seguintes ao atentado.
O casal mora em um bairro tranquilo, com os filhos cujas idades ficam entre 6 e 9 anos, e a família é descrita pelos vizinhos como “discreta”. “Os filhos deles brincam com os meus, eles são normais e afetuosos”, disse uma mulher, que preferiu não dar seu nome.
A família Salhi vive no primeiro andar de um pequeno prédio popular, segundo o jornal “Le Figaro”, onde dois policiais armados faziam guarda na porta.
“Ele não falava com ninguém. Dizíamos um ao outro apenas ‘bom dia, boa noite’”, afirmou outro vizinho.
Ataque terrorista
As autoridades francesas afirmaram, logo após o incidente, que o caso era de terrorismo e que as investigações estavam em andamento para identificar outros possíveis envolvidos.
O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou que Yassin Salhi havia sido fichado em 2006 por 'radicalismo', mas que não possuía antecedentes criminais nem ligações conhecidas com atos terroristas. Salhi foi observado pelos serviços de inteligência da França entre 2006 e 2008, mas essa recomendação não foi renovada após este período.
"Segundo os primeiros elementos da investigação, um ou vários indivíduos, a bordo de um veículo, entraram na usina. Então ocorreu uma explosão", informou uma fonte próxima ao caso ouvida pela agência AFP.
O veículo entrou sem problemas na unidade porque tinha acesso autorizado, segundo informou o prefeito de Isère, departamento onde a fábrica está localizada.
Fora da empresa, foi encontrada uma bandeira com inscrições em árabe, que ainda estão sendo traduzidas, segundo pronunciamentos do governo. Pendurada no portão, estava uma cabeça também com inscrições árabes. O corpo decapitado foi localizado nas imediações, mas não se sabe se a vítima foi morta ali ou se o cadáver foi levado até o local.
A seção antiterrorista da Promotoria de Paris abriu uma investigação por "assassinato e tentativas de assassinato em grupo organizado e em relação a um ato terrorista". Também investiga as acusações de "destruição e degradação através de uma substância explosiva em grupo organizado e em relação a um ato terrorista" e de "associação terrorista para cometer atentados contra as pessoas". (com agências internacionais de notícias)
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