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Emissora recebeu dossiê assinado por atirador citando morte de negros

Do UOL, em São Paulo

26/08/2015 16h29

A emissora americana ABC afirmou nesta quarta-feira (26) ter recebido um fax com 23 páginas supostamente enviado pelo homem que abriu fogo e matou uma repórter e um cinegrafista nesta manhã. Segundo o canal de TV, o dossiê tinha o horário de envio de 8h26, duas horas depois da morte de Alison Parker, 24, e de Adam Ward, 27.

Nas páginas, ele se identifica como Bryce Williams, confirma que seu nome legal é Vester Flanagan, e diz que as mortes dos profissionais seriam uma reação ao racismo que motivou o massacre que fez nove vítimas em Charleston, na Carolina do Norte, onde um supremacista branco abriu fogo em uma igreja frequentada pela comunidade negra. No texto, o autor afirma que comprou a arma dois dias depois do ataque contra a igreja em Charleston."O que me motivou foi o tiroteio na igreja. E as balas tinhas as iniciais dos nomes das vítimas".

O fax foi entregue às autoridades. O texto, intitulado "Nota de suicídio para amigos e familiares", falava sobre uma "guerra racial" e afirmava que as mortes da repórter e do cinegrafista seriam uma vingança pelo massacre de junho em Charleston, na Carolina do Sul. Flanagan cita nominalmente Dylann Roof, autor do ataque contra a igreja da comunidade negra.

A ABC diz ainda que um homem que se identificou como Bryce Williams telefonou repetidas vezes nas últimas semanas oferecendo uma história, e teria dito que mandaria a pauta por fax. Ele nunca disse que história seria.

Em outro trecho do manifesto, o autor cita o autor do massacre de Virginia Tech, Seung Hui Cho, e manifestou admiração pelos autores do massacre em Columbine. "Além disso, fui influenciado por Seung Hui Cho. Esse era o meu garoto. Ele conseguiu matar quase o dobro da quantidade que Eric Harris e Dylann Klebold. Só lembrando".

Ele diz que sofria discriminação racial, assédio sexual e bullying no trabalho. Diz que era atacado por homens negros e mulheres brancas, fala como se fosse atacado por ser um gay negro. “Sim, vai parecer como se eu estivesse com raiva. E estou. Tenho todo o direito de estar. Mas quando eu deixar o planeta Terra, a única emoção que sentirei será paz”, afirma o texto. “O tiroteio na igreja foi um ponto de inflexão, mas minha raiva foi construída constantemente. Fui um barril de pólvora humano por um tempo, apenas esperando para explodir”.

Flanagan não resistiu ao ferimento a bala causado por ele mesmo, informaram as autoridades locais. “O suspeito deste tiroteio morreu no hospital de Fairfax Inova, no norte da Virgínia, em decorrência de um ferimento a bala causado por ele mesmo", declarou o xerife do condado de Franklin durante uma entrevista. Ele chegou a ser detido e encaminhado para o hospital, onde veio a falecer.

"Policiais se aproximaram do veículo e encontraram o motorista sofrendo com um ferimento provocado por um tiro. Ele foi transportado para um hospital para tratar dos ferimentos, que representavam um risco para sua vida", informou a polícia em um comunicado.

Um vídeo sobre o ataque - aparentemente feito pelo próprio atirador - foi postado no Twitter e no Facebook. A gravação posteriormente foi retirada. Ela mostrava o atirador com uma arma apontando para Parker, que entrevistava uma mulher e não estava ciente de sua presença. Ward estava de costas para o atirador e também não o viu se aproximar. O atirador abaixa brevemente a câmera e então diversos tiros e gritos são ouvidos. A mão do atirador fica claramente visível. Ele parece usar uma camisa xadrez azul.

As mortes, que provocaram uma intensa caçada e levaram ao fechamento de escolas locais, reavivaram mais uma vez os temores envolvendo violência com armas nos Estados Unidos. (Com agências internacionais)

Atirador filmou ataque em primeira pessoa nos EUA