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Cessar-fogo na Síria começa com troca de acusações de violações

Menina síria brinca na praça Marjeh, em Damasco, no 1º dia do cessar-fogo - Hassan Ammar/AP
Menina síria brinca na praça Marjeh, em Damasco, no 1º dia do cessar-fogo Imagem: Hassan Ammar/AP

Do UOL, em São Paulo

27/02/2016 12h38Atualizada em 27/02/2016 15h06

Poucas horas após o início do cessar-fogo na Síria, a principal aliança opositora e o governo trocaram acusações sobre violações da trégua neste sábado (27).

O esperado cessar-fogo entrou em vigor à 0h local deste sábado (19h de sexta-feira em Brasília), após um acordo fechado entre Rússia e Estados Unidos com o apoio das Nações Unidas.

Primeiro foi a agência de notícias oficial síria, a "Sana", que informou que um suicida detonou no começo da manhã um carro-bomba na entrada da cidade de Salmiya, o que causou a morte de duas pessoas e ferimentos em outras quatro.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos atribuiu este atentado ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que não participa do acordo de cessar-fogo.

Pouco depois desse ataque, outro suicida detonou uma motocicleta carregada com explosivos em um dos acessos à cidade de Al Tiba, na periferia leste de Salmiya, onde pelo menos quatro pessoas morreram, acrescentou a "Sana".

A agência declarou que houve, além disso, uma terceira explosão de um artefato, que provocou ferimentos em um civil na estrada que une Salmiya com a cidade de Kneifes. Salmiya é uma cidade de maioria ismaelita, um dos ramos do xiismo.

Antes disso, a agência informou que foguetes disparados por "grupos armados terroristas" caíram em bairros residenciais da capital Damasco, sem que por enquanto tenham sido relatadas vítimas.

Segundo a agência, "os terroristas" lançaram os projéteis desde as zonas de Khobar e Duma, duas das principais fortificações da oposição na periferia da capital síria.

A televisão estatal informou que os foguetes atingiram a praça dos Abasíes, no centro da capital, e que as forças governamentais responderiam à agressão.

Oposição também acusa

Depois, foi a vez da Coalizão Nacional Síria (CNFROS), principal aliança opositora, denunciar que as forças do governo sírio violaram o cessar-fogo em 15 zonas do país.

Em comunicado, a coalizão solicitou ao Conselho de Segurança da ONU que "atue" contra o regime de Bashar al Assad por essas infrações.

A coalizão informou que soldados governamentais e membros de milícias aliadas jogaram barris de explosivos desde helicópteros e dispararam com armas automáticas pesadas e artilharia em 15 áreas sírias em Damasco, Deraa (sul), Aleppo (norte), Homs (centro), Hama (centro) e Latakia (noroeste).

A coalizão declarou que seis barris jogados pelos helicópteros militares tiveram como alvo a cidade de Al Nahia, junto à estrada internacional que liga Aleppo a Latakia.

O vice-presidente da coalizão, Nagham Al Ghadri, afirmou que, além do regime de Bashar al Assad, a Rússia também desrespeitou o cessar-fogo, e que ambos têm 24 horas para passar a cumpri-lo, senão darão o acordo por quebrado.

"Tínhamos um acordo e acho que não podemos segui-lo à toa. Têm até a meia-noite de hoje, o que significa um dia inteiro. Se não fizerem nada para recuperar a confiança, tudo voltará a ser como antes" da trégua, afirmou o dirigente da oposição à Agência Efe.

Ghadri está em Paris para participar de um encontro sobre as mulheres diante do islamismo radical, organizado pela oposição iraniana. 

O acordo

O acordo para cessar-fogo na Síria, o primeiro desde o início do conflito, em março de 2011, foi estipulado por Rússia e Estados Unidos, e aceito pelo governo de Damasco e pela Comissão Suprema para as Negociações, coalizão opositora que engloba grupos políticos e armados à qual a CNFROS pertence.

Tanto a Frente al Nusra como o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) foram excluídos do acordo. (Com agências internacionais)