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Após seis dias de protestos, milhares de pessoas se manifestam em apoio ao regime no Irã

Televisão pública do Irã mostrou imagens de uma grande manifestação pró-governo na cidade de Ahvaz, no sudoeste do país - Irinn/AFP Photo
Televisão pública do Irã mostrou imagens de uma grande manifestação pró-governo na cidade de Ahvaz, no sudoeste do país Imagem: Irinn/AFP Photo

Do UOL, em São Paulo

03/01/2018 07h27

Milhares de pessoas saíram às ruas nesta quarta-feira em várias cidades do Irã para se manifestar a favor do regime e condenar os protestos ocorridos nos últimos dias, segundo imagens difundidas ao vivo pela televisão estatal iraniana.

Nas imagens, os manifestantes exibiam cartazes contra os "agitadoras" e gritavam slogans a favor do Guia Supremo , o aiatolá Ali Khameni.

Também pediam "morte ao Estados Unidos", "morte a Israel" e "morte a Monefagh", termo que designa a opositora Organização dos Mudjahedines do Povo do Irã, segundo a agência de notícias AFP.

O país passa por uma onda de protestos contra o governo e por conta de crise econômica desde do dia 28 de dezembro. Desde o início das manifestações, 21 pessoas morreram, incluindo 16 manifestantes, em todo país por eventos relacionados a esses protestos, que começaram em Machhad (nordeste do país), espalhando-se rapidamente.

Mais de mil manifestantes foram presos ao longo de seis dias, cerca de 450 apenas em Teerã. 

Distúrbios orquestrados por inimigos

Pela primeira vez, na terça (2), o guia supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, rompeu seu silêncio sobre a onda de protestos e afirmou que os distúrbios são orquestrados pelos inimigos do país.

Em sua primeira declaração desde o início da crise, Khamenei assegurou, em uma declaração transmitida pela emissora de televisão oficial que, "nos acontecimentos dos últimos dias, os inimigos se uniram e estão usando de todos seus meios, seu dinheiro, suas armas, suas políticas e seus serviços de segurança para criar problemas para o regime islâmico".

"Esperam apenas uma chance para se infiltrar e atacar o povo iraniano", declarou, sem especificar os "inimigos".

Desde domingo, o Irã bloqueou as redes sociais em seu território na tentativa de evitar que novos protestos fossem organizados.

O presidente norte-americano Donald Trump, que fez do Irã um dos seus principais alvos, reagiu várias vezes às manifestações, considerando que mostravam que o "tempo da mudança" chegou no país.

Nessa terça-feira, Trump elogiou os manifestantes iranianos por denunciar o regime brutal e corrupto de Teerã. "O povo do Irã está finalmente agindo contra o brutal e corrupto regime iraniano", tuitou.

A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, pediu reuniões de urgência no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, e no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, para falar da liberdade reclamada pelos iranianos.

(Com agências internacionais)