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Em "primeira vez", Bolsonaro recebe Macri com descontração e gesto de arma

Jair Bolsonaro recebeu o presidente da Argentina com seu tradicional gesto de arma - Alan Santos/PR
Jair Bolsonaro recebeu o presidente da Argentina com seu tradicional gesto de arma Imagem: Alan Santos/PR

Gustavo Maia e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

16/01/2019 14h31

Na primeira visita oficial de um chefe de Estado do governo Jair Bolsonaro (PSL), nesta quarta-feira (16), o presidente brasileiro recebeu o argentino Mauricio Macri nos palácios do Planalto e Itamaraty, em Brasília, e exibiu a mesma descontração que marcou parte de sua campanha eleitoral.

Posicionado no alto da rampa do Planalto para recepcionar Macri, às 10h30, Bolsonaro conversava animadamente com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, enquanto integrantes do primeiro escalão dos governos brasileiro e argentino aguardavam no Salão Nobre.

Brincando com um fotógrafo, o presidente tirou o crachá funcional do bolso da calça e o exibiu para as lentes da câmera. Semelhante aos dos demais funcionários do Planalto, o de Bolsonaro conta com uma foto 3 x 4 dele, seu nome e outros dados em um fundo verde-claro com duas faixas em verde e amarelo.

crachá - Alan Santos/PR - Alan Santos/PR
Imagem: Alan Santos/PR

Após a execução dos hinos dos dois países, os presidentes posaram para fotos. Inicialmente, apenas lado a lado. Em seguida, com um aperto de mãos. Bolsonaro fez então um gesto de "joia" com a mão.

O protocolo determina que o presidente visitante seja apresentado aos ministros do país anfitrião, mas Bolsonaro começou a levar Macri para a reunião fechada. Logo, foi interrompido e conduzido a fazer os cumprimentos por um auxiliar.

Depois do encontro privado, chegou a hora de fazer o pronunciamento conjunto à imprensa. Os ministros brasileiros e argentinos saíram das salas de reunião reservadas e se sentaram à frente da mesa posta para os presidentes.

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, entrou sorridente, conversando com o ministro das Relações Exteriores argentino, Jorge Faurie.

Para a fala, Bolsonaro leu o discurso em um teleprompter posicionado à sua frente. O brasileiro usou fone de ouvido para receber a tradução instantânea no pronunciamento de Macri.

Os turistas em frente ao Planalto eram poucos, mas, ao longo de toda a recepção visível externamente, a segurança foi reforçada se comparada com a aplicada durante o mandato do ex-presidente Michel Temer. Agentes da Polícia Federal e do Gabinete de Segurança Institucional se posicionaram na rampa em frente e ao lado de Bolsonaro com as mãos postas nas armas de fogo dentro dos paletós e com maletas para proteção do mandatário, caso houvesse algum risco.

As comitivas se dirigiram em seguida ao Itamaraty, na Esplanada dos Ministérios. Quando o presidente da Argentina chegou, Bolsonaro já havia descido a escada e se posicionado no centro do salão do palácio ao lado do chanceler Ernesto Araújo.

No Itamaraty, as cercas de 20 pessoas que aguardavam diante do palácio foram afastadas da rampa de acesso ao prédio, na Esplanada dos Ministérios. Enquanto isso, também do lado de fora, um trompetista tocava um jingle do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) --alvo de frequentes ataques de Bolsonaro.

Do Itamaraty, ouve-se música de Lula

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Em conversa informal à distância com jornalistas, que ficaram confinados em um "cercadinho", o presidente brasileiro foi questionado sobre como foi sua estreia em visita oficial de chefe de Estado.

"Tudo tem a primeira vez. Vocês lembram a de vocês?", comentou Bolsonaro, sorrindo.

Instado a conceder uma entrevista à imprensa pela reportagem do UOL, ele brincou e perguntou se os jornalistas o amavam.

Enquanto posavam para fotógrafos e cinegrafistas, os dignitários sul-americanos se atrapalharam com os gestos e Bolsonaro acabou fazendo o sinal com os dedos polegar e indicador, geralmente utilizado para representar uma arma, em direção ao tórax de Macri. Mais gestos de "joia" foram feitos pelos dois presidentes.

No almoço servido no palácio, Bolsonaro fez o primeiro brinde com uma taça de espumante.

Já na saída do Itamaraty, por volta das 14h20, Macri ouviu de um jornalista a pergunta "Messi ou Neymar?", sobre qual dos dois jogadores de futebol é melhor.

"Está falando sério?", retrucou o presidente argentino, dando meia-volta, com um sorriso no rosto.

Ao contrário da chegada, não havia ninguém da comitiva brasileira acompanhando os argentinos nesse momento.

Bolsonaro saiu por outro acesso.

Reciprocidade

Consoante com clima da visita, que ao todo durou quase quatro horas, a assessoria da Presidência do Brasil informou que Bolsonaro aceitou convite de Macri para uma visita de Estado na Argentina.

A data ainda será definida pelos respectivos governos, mas deve acontecer nos próximos meses, segundo o chanceler Jorge Faurie.

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