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Covid-19: evento em Boston gerou 330 mil casos nos EUA e Europa, diz estudo

Imagem ilustrativa de um teste positivo para Coronavírus - Divulgação/Pixabay
Imagem ilustrativa de um teste positivo para Coronavírus Imagem: Divulgação/Pixabay

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/12/2020 18h18

Estudo divulgado ontem pela revista Science aponta que uma conferência de biotecnologia realizada no mês de fevereiro em Boston, nos Estados Unidos, gerou pelo menos 330 mil novos casos do coronavírus no território americano e em países da Europa. As pesquisas analisaram duas linhagens de código genético do vírus da covid-19 relacionadas ao evento.

Dos códigos genéticos encontrados, um deles em especial, levado por apenas um indivíduo, teria sido responsável pela infecção de pelo menos 245 mil outras pessoas. A outra mutação, chegou a infectar pelo menos 88 mil em 18 estados americanos, além de países como Austrália e Suécia.

Para o estudo, os pesquisadores sequenciaram e analisaram 772 genomas completos do vírus na região de Boston. O evento teria produzido uma disseminação comunitária, espalhando o vírus pela região e em outras partes do mundo.

A análise aponta que pelo menos 100 casos diretamente relacionados ao evento foram confirmados. A estimativa é que, durante o período de estudos, pelo menos 50 mil das testagens positivas em território americano estavam associadas à Conferência, sendo quase 50% delas no estado de Massachusetts.

Os códigos genéticos encontrados mostram sinais de uma superpropagação, formando um aglomerado de vírus altamente semelhantes em um curto período de tempo. A "superpropagação" acontece quando uma pessoa infectada com a doença contamina diversas outras de forma exponencial.

O evento, que teve cerca de 200 convidados, foi realizado logo no início das preocupações com a pandemia, em uma época em que os protocolos de segurança contra a covid ainda não estavam estabelecidos na maioria dos países, o que pode ter agravado a propagação do coronavírus.

Segundo os pesquisadores, os resultados alertam para eventos que têm potencial de causar contaminações em massa, espalhando o vírus desordenadamente.

"Este estudo fornece evidências claras de que eventos de superpropagação podem alterar profundamente o curso de uma epidemia e implica que a prevenção, detecção e mitigação de tais eventos deve ser uma prioridade para os esforços de saúde pública.", concluíram os pesquisadores.