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Espécie de inseto assassino é descoberta após análise de pênis fossilizado

Amostra de macho novo espécime tem 12,4 milímetros de comprimento e faixas alternadas nas patas - Reprodução/Associação Paleontológica
Amostra de macho novo espécime tem 12,4 milímetros de comprimento e faixas alternadas nas patas Imagem: Reprodução/Associação Paleontológica

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/01/2021 16h37

Cientistas norte-americanos anunciaram ontem a descoberta de uma espécie de insetos "assassinos", que habitou a Terra há cerca de 50 milhões de anos. O estudo contou com o bom estado de conservação do fóssil analisado, em que o pênis do animal se mostrou fundamental para a conclusão científica.

A comunidade científica já tinha conhecimento do fóssil desde 2006, quando uma rocha se rompeu e revelou os restos mortais do animal partido ao meio, entre a cabeça e o abdômen. No entanto, as metades da peça foram parar nas mãos de colecionadores diferentes após serem negociadas por um agente especialista na venda de fósseis.

Dezesseis anos se passaram até que os pesquisadores pudessem, enfim, rastrear cada metade do fóssil e reuni-las para o estudo.

As espécies são frequentemente definidas por sua capacidade de reprodução. Com isso, pequenas diferenças na genitália podem levar a incompatibilidades sexuais que, com o tempo, podem resultar no surgimento de novas espécies.

"Ser capaz de ver a genitália de um inseto é muito útil ao tentar determinar o lugar de um inseto fóssil em sua árvore genealógica", reforçou Sam Heads, paleontólogo líder do estudo, em um comunicado divulgado pela Universidade de Illinois.

O corte no fóssil também partiu o pênis em dois, mas isso não foi um problema para os cientistas visto que a estrutura da genitália se manteve visível. "Normalmente, só obtemos esse [bom] nível de detalhe em espécie atualmente vivas", comemorou Daniel Swanson, estudante de entomologia que trabalhou no estudo.

A análise anatômica feita pelos cientistas, e publicada na revista Papers in Paleontology, sugere a descoberta não só de uma nova espécie, como também de um novo gênero da família de insetos assassinos, que habitou a Terra há milhões de anos. A descrição de "assassinos" é costumeiramente dada a insetos da família dos Reduviidae, como o barbeiro.

Além disso, o fóssil datado de 50 milhões de anos também implica que a família de insetos seja 25 milhões de anos mais velha do que o assumido pela comunidade científica até antes da realização do estudo.

"Existem cerca de 7 mil espécies de insetos assassinos descritos, mas apenas cerca de 50 fósseis desses insetos são conhecidos. Isso apenas fala da improbabilidade de até mesmo ter um fóssil, quanto mais um desta idade, que oferece tanta informação", disse Swanson.

Quanto às características gerais do novo espécime, informações divulgadas pela revista Science revelam que o inseto do fóssil analisado tenha 12,4 mm de comprimento, em um corpo alongado, esguio e com faixas claras e escuras alternadas em suas patas.

Os cientistas relataram que as fêmeas dos insetos assassinos são geralmente maiores do que os machos, então é provável que as fêmeas desta espécie sejam maiores que esta amostra analisada.

Os pesquisadores batizaram a nova espécie de inseto assassino como: Aphelicophontes danjuddi. O nome é uma homenagem a Dan Judd, colecionador de fósseis que doou sua metade do fóssil à Universidade de Illinois para o estudo.